Quilombolas de Belo Vale [p1]
No início de agosto eu e a Lu fomos ao SESC-MG e agendamos duas excursões.
Após realizarmos a viagem para Sabará (MG), nos divertir no Play City próximo ao Carrefour Contagem e participar do Open Jiu Jitsu Ibirité, o tempo continuou passando e finalmente chegou o dia de nossa excursão pelo SESC-MG, com nome de Quilombolas do Belo Vale, onde visitaríamos o Museu do Escravo, a Fazenda Boa Esperança e o Quilombo Chacrinha dos Pretos, todos em Belo Vale (MG).
Caso queira ver como foi nossa viagem para Sabará (MG) clique no link abaixo:
Link: [AQUI]
Caso queira ver como foi nosso passeio para o Play City no link abaixo:
Link: [AQUI]
Caso queira ver como foi meu desempenho no campeonato do Open Jiu Jitsu Ibirité 2019 clique no link abaixo:
Confira agora tudo o que aconteceu nesse passeio, desde quando saímos de casa até quando regressamos ao nosso lar.
Sem mais delongas, vamos ao relato...
Sábado [07 de Dezembro de 2019]
Nesse dia acordamos bem cedo, às 5:00h. Nos arrumamos, observamos se nossas coisas estavam em ordem, colocamos ração pro cachorro e comemos uns pedacinhos de panetone com gotas de chocolate pra forrar de leve o estômago.
Belo Vale, MG
Belo Vale é um município brasileiro do estado de Minas Gerais. Sua população era estimada em pouco mais de 7.500 habitantes em 2010. Por estar localizada no quadrilátero ferrífero, é uma cidade onde se notifica intensa atividade de extração de minério de ferro. A economia de Belo Vale se vê voltada para a agricultura, evidenciada pela produção de Tangerina Ponkan, que atualmente é considerada a maior de Minas Gerais.
Um dos primeiros arraiais de Minas Gerais, fundado por bandeirantes, em 1.681, Belo Vale foi povoado graças à descoberta de ouro nas Roças de Matias Cardoso (atual Roças Novas), em 1.700. Em 1.735, graças à descoberta de ouro na Serra do Mascate, no dia 26 de julho ergueu-se uma igreja em homenagem a Sant'ana, quando o arraial passou a se chamar Santana do Paraopeba.
Entre os anos de 1.760 a 1.780 foi construída a Fazenda Boa Esperança, residência do Barão do Paraopeba, proprietário das terras na localidade. Na fazenda, detinha em torno de 1.000 escravos que trabalhavam na mineração de ouro na Serra do Mascate.
Em torno de 1.760, a aridez das terras de Santana do Paraopeba fez com que os fazendeiros procurassem lugares melhores para a lavoura e a pastagem. Adentraram pelo Rio Paraopeba e deram início, num vale, a um povoado chamado de São Gonçalo, erguendo uma igreja em homenagem ao santo em 1.764.
Com a construção de uma pequena ponte de madeira, mudou-se o nome do povoado para São Gonçalo da Ponte. Em 1.839 este é elevado a distrito. Em 1.914 começaram as obras do ramal do Paraopeba da Estrada de Ferro Central do Brasil. Também em 1.914 o nome do distrito é alterado, passando a se chamar Belo Vale.
Inaugurada em 1.917 a estação ferroviária, o arraial começa a se desenvolver. No ano de 1.926 é construída a ponte Melo Viana, obra majestosa para época, toda feita de cimento [na época o cimento era importado da Europa].
Em 1.938 o então interventor de Minas Gerais, Benedito Valadares, institui o município de Belo Vale se emancipando de Bonfim. Também passaram a incorporar o município de Belo Vale os distritos de Santana do Paraopeba, Moeda e Coco.
Em 1.953, os distritos de Moeda e Coco se emanciparam de Belo Vale com a criação do município de Moeda. No mesmo ano foi criada a Comarca em Belo Vale. Depois de pertencer à comarca de Congonhas, há poucos anos foi refeita a comarca de Belo Vale, que abrange os municípios de Belo Vale e Moeda.
Fonte Pesquisada:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Belo_Vale
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O micro-ônibus foi adentrando pela cidade e passando por igrejas e outras construções, até que finalmente parou em frente ao Museu do Escravo, o primeiro lugar em que entraríamos nessa excursão.
Como a guia informou para todos que a visita guiada pelo Museu do Escravo começaria apenas às 10:00h e duraria até perto das 11:00h, o pessoal se dispersou pelo centrinho da cidade para buscar alguma coisa pra comer. Eu e a Lu não fomos bobos e também saímos pra encontrar uma padaria ou lanchonete pelo caminho.
Chegamos até a encontrar por aqui a guia do nosso passeio, que entregou um bombom com o nome de alguém da excursão pra cada um e instruiu que nós deveríamos entregá-lo para essa pessoa quando a encontrássemos durante o decorrer do dia. De acordo com ela, isso era uma boa maneira de fazer com que o grupo interagisse e se entrosasse melhor.
Como ainda havia algum tempo antes de voltar e a Lu ouviu de alguém pelo caminho que por aqui vendiam um requeijão super gostoso, não deu outra, continuamos andando pela cidade por mais um tempo até encontrar o lugar que ela desejava. Por ali compramos o requeijão, entramos em uma lojinha de lembrancinhas [mas não chegamos a comprar quase nada] e andamos tudo de volta, até chegar próximo ao Museu do Escravo novamente.
Por ali ainda tirei algumas fotos de um lindo presépio de uma igreja próxima a esse museu:
Essa era a vista de fora de quem estava próximo a entrada do Museu do Escravo. Essa casa rosada à direita é o Casarão. |
O Museu do Escravo foi um espaço cultural construído em formato de uma "casa grande". Além de possuir representação de um pelourinho, abriga em seu acervo diversos instrumentos de castigo, de trabalho, obras de arte sacra, objetos e utensílios domésticos, pratarias e documentos do período da abolição da escravatura.
A parte que entramos no museu era denominada de Casa Grande e nela não era permitido tirar nenhuma foto. Esse termo era utilizado para denominar a casa da família do proprietário das grandes propriedades rurais do Brasil Colonial.
Fonte Pesquisada:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Casa-grande
Rapidamente saímos dali, descemos a escada e entramos numa espécie de galeria do museu, onde estavam dispostas centenas e centenas de itens e utensílios utilizados nessa época da escravatura.
Vista da varanda do casarão, onde estávamos:
Para facilitar no entendimento farei como eu fiz então. Vide primeiro todos os objetos dessa galeria. Após isso estarei explicando como alguns deles eram utilizados de forma mais detalhada, nessa terrível época da história do Brasil.
Objetos do Museu do Escravo:
Por que os africanos foram escravizados no Brasil?
No início da colonização, os portugueses buscaram escravizar os índios de forma sistemática, mas essa iniciativa apresentou uma série de inconvenientes. Eles não estavam acostumados ao trabalho regular e intenso, caíam incapacitados com as doenças trazidas pelos europeus e, sempre que possível, se embrenhavam pelo interior do território, que lhes era familiar. Os relatos apontam que, por volta de 1.562, duas violentas epidemias mataram por volta de 60 mil índios.
Ao mesmo tempo que surgiam as dificuldades com a escravidão dos indígenas, os portugueses já estavam envolvidos com o comércio de escravos em um lucrativo negócio do outro lado do Atlântico. Essa forma de organização do trabalho era adotada nas ilhas africanas dominadas por Portugal e Espanha, como Cabo Verde, Açores e Canárias, que praticavam o sistema deplantation.
As origens dessa exploração, por sua vez, remontam ao século VII, quando a escravidão doméstica, de pequena escala, passou a conviver com um comércio mais intenso após a ocupação do norte da África pelos árabes. Centenas de negros eram trocados e vendidos em sua própria terra ou no mundo árabe. Portugal encontrou esse comércio relativamente organizado, começou a se beneficiar dele e depois o trouxe para o Brasil.
Assim, a coroa lucrava duplamente: com o comércio de escravos e com o uso dessa mão de obra na colônia. A Igreja não se opôs à escravização do negro. Algumas dessas ordens religiosas na verdade eram grandes proprietárias de escravos.
A "missão evangelizadora" também era uma justificativa para escravizar os africanos "infiéis". Além disso, o negro era considerado um ser inferior, uma coisa, não uma pessoa, e por isso não tinha nenhum direito. Dessa forma, gradativamente os negros substituíram os nativos indígenas no trabalho escravo na colônia.
Estima-se que 4 milhões de africanos tenham desembarcado no Brasil entre 1.550 e 1.850, trazidos à força de seu continente, de regiões onde hoje estão Angola, Benin, Congo, Costa do Marfim, Guiné, Mali e Moçambique.
Fonte Pesquisada:
https://novaescola.org.br/conteudo/203/por-que-os-africanos-foram-escravizados-no-brasil
Observe agora como alguns desses objetos eram utilizados e entenda como os castigos dados aos escravos nessa época eram realmente cruéis [aqui estarei misturando imagens que pesquisei na internet, juntamente com outras desse próprio museu].
Tronco: A finalidade principal do tronco era a contenção do negro escravo que tivesse cometido algum tipo de falta, mas também podia se converter em um instrumento de grandes tormentos, uma vez que, se levarmos em conta a imobilidade para a qual os escravos eram submetidos, incluindo a não opção de poder sair dali para satisfação de suas necessidades fisiológicas.
Havia uma grande variedade de troncos, que eram feitos de madeira ou confeccionados com ferro. Os troncos abriam-se em duas metades, que se fechavam por completo, quanto da entrada de um escravo, por meio da fixação de parafusos em suas extremidades. Havia no tronco, buracos grandes e pequenos para os pés e para as mãos.
Já cheguei a citar um pouco sobre o que acontecia com os escravos que trabalhavam dentro das minas na viagem que fizemos para Ouro Preto (MG). Caso tenha interesse em descobrir o que acontecia, clique no link abaixo para acessar essa viagem.
Link: [AQUI]
As mulheres negras não possuíam um valor comercial tão grande, se comparadas aos negros homens e quando não eram utilizadas para a reprodução, costumavam servir de amas de leite para os filhos brancos do senhores ou em tarefas domésticas simples. Um escravo costumava ter novas roupas apenas umas duas vezes ao ano, e se algum deles morresse, essa roupa era aproveitada em outro escravo.
Além de ser bem pesado, o que fazia com que a corda de couro machucasse os pés do punido, ainda fazia barulho ao dar cada passo. Caso o senhor do escravo percebesse que o indivíduo não estava produzindo nenhum som, isto é, não estava andando, ele faria com que seu escravo sofresse um castigo ainda pior, provavelmente algum tipo de açoite.
Escravo sendo açoitado. |
Vale lembrar que nessa época a religião africana era vista malvista, encarada como um tipo de bruxaria e que não devia ser praticada pelos mesmos, e caso fossem vistos praticando sua religião original os escravos eram punidos.
Caso o senhor quisesse, em algumas dessas punições, poderia deixar melaço e água por perto do escravo, de forma que este não conseguisse alcançar o líquido. Isso aumentaria a tortura psicológica, gerando mais sede no mesmo. Em muitas dessas punições o escravo acabava morrendo desnutrido ou por falta de hidratação.
O dono ainda poderia derramar melaço nesse escravo, para fazer com que ele, além de sentir muita sede e ficasse desidratado, também fosse picado até a morte por insetos, que são atraídos por esse tipo de produto.
Palmatória utilizada em escolas, caso a criança se comportasse de forma errada. |
O uso da máscara também impedia o consumo de álcool, prática comum que possibilitava a fuga da realidade desumana através da embriaguez, além de impedir apropriação de alimentos e diamantes.
A maioria dos escravos preferia morrer a denunciar algum companheiro que conseguiu se livrar dessa condição desumana e terrível chamada escravidão. As punições não param por aqui, ainda existiam diversos outros tipos de coisas que eram utilizados contra eles. Alguns exemplos disso estão citados aí abaixo:
Essas eram as armas costumeiramente utilizadas pelos senhores de escravos:
Os quilombos surgiram como refúgios de negros que escapavam da repressão durante todo o período de escravidão no Brasil, entre os séculos XVI e XIX. Como a função era de esconderijo, tiveram sucesso os locais de mais difícil acesso. Pelo mesmo motivo, se fazia necessário criar laços comunitários e promover uma autonomia para não depender de recursos externos.
Os moradores dessas comunidades são chamados de quilombolas. Depois da abolição, grande parte preferiu continuar nos povoados que formaram. Com a Constituição de 1.988, ganharam o direito à propriedade e ao uso da terra em que estavam.
Zumbi dos Palmares. |
Casa típica de um quilombo da época do Brasil Colonial. |
Maquete de um quilombo típico dessa época. |
Carruagem que utilizava tração animal. Além desse tipo, também existiam carruagens que funcionavam movidas manualmente, utilizando-se de escravos. |
O espetáculo era anunciado publicamente pelos rufos do tambor e grande multidão reunia-se na praça do pelourinho para assistir o escravo ser chicoteado. A multidão excitava e aplaudia, enquanto o chicote abria estrias de sangue na coluna nua do negro escravo.
Fontes Pesquisadas:
http://www.conhecer.org.br/enciclop/2013a/humanas/Tecnicas%20da%20Tortura.pdf
https://www.dicio.com.br/gargalheira/
http://anabelajardim.blogspot.com/2017/03/museu-do-escravo-em-belo-vale.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1scara_de_Flandres
http://entretantashistorias.blogspot.com/2014/09/os-instrumentos-de-tortura-utilizados.html
Dali voltamos para a parte da Casa Grande, que era a moradia dos senhores de escravos. Não pude tirar fotos nesse local, mas ele basicamente apresentava utensílios e mobiliários utilizados nessa época. Assim que saímos a guia juntou quase todo mundo [alguns preferiram ficar dentro do ônibus] e pediu que uma das funcionárias do museu tirasse uma foto com o pessoal "todo" reunido:
Link AQUI.
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