Quilombolas de Belo Vale [p1]

No início de agosto eu e a Lu fomos ao SESC-MG e agendamos duas excursões.


Confira agora como foi o nosso passeio para Belo Vale (MG).

Após realizarmos a viagem para Sabará (MG), nos divertir no Play City próximo ao Carrefour Contagem e participar do Open Jiu Jitsu Ibirité, o tempo continuou passando e finalmente chegou o dia de nossa excursão pelo SESC-MG, com nome de Quilombolas do Belo Vale, onde visitaríamos o Museu do Escravo, a Fazenda Boa Esperança e o Quilombo Chacrinha dos Pretos, todos em Belo Vale (MG).

Caso queira ver como foi nossa viagem para Sabará (MG) clique no link abaixo:

Link: [AQUI]

Caso queira ver como foi nosso passeio para o Play City no link abaixo:

Link: [AQUI]

Caso queira ver como foi meu desempenho no campeonato do Open Jiu Jitsu Ibirité 2019 clique no link abaixo:


Link: [AQUI]

Confira agora tudo o que aconteceu nesse passeio, desde quando saímos de casa até quando regressamos ao nosso lar.

Sem mais delongas, vamos ao relato...

Sábado [07 de Dezembro de 2019]

Nesse dia acordamos bem cedo, às 5:00h. Nos arrumamos, observamos se nossas coisas estavam em ordem, colocamos ração pro cachorro e comemos uns pedacinhos de panetone com gotas de chocolate pra forrar de leve o estômago.



Resolvi levar apenas minha mochila e a Lu sua bolsa. Às 5:46h pegamos um Uber rumo ao SESC Palladium, no centro de Belo Horizonte.


A motorista que nos acompanhou foi super simpática e conversamos com ela durante todo o caminho. Só não gostei muito do preço mesmo, já que o valor cobrado foi bem maior do que o habitual [para esse dia cobrou-se R$ 27,33 para realizar esse trajeto, sendo que no seu valor normal custaria cerca de R$ 20,00 para essa viagem - Valores de 2019]. Chegamos em frente ao SESC Palladium às 6:16h, encontramos a guia e ficamos ali esperando o resto do pessoal chegar.


Nesse meio tempo tivemos a oportunidade de adentrar nesse SESC, que é realmente enorme e ainda aproveitamos pra tirar uma foto juntos.


Ao observar um funcionário do SESC percebi que ainda faltavam duas pessoas pra completar o grupo, mas uma delas não respondeu e a outra informou que não iria participar dessa viagem. Após esperar um bocadinho entramos no micro-ônibus e partimos rumo a Belo Vale (MG).




Partimos do SESC às 7:20h, com 20 minutos de atraso, já que a guia da excursão teve de esperar dar o tempo da tolerância por conta da pessoa que não avisou se viria ou não. Nossa guia foi super tranquila e simpática por todo o passeio e se não me engano ela se chamava Conceição. Já é aposentada, mas mesmo assim sempre que pode ela costuma trabalhar junto ao SESC, em especial em passeios por dentro de Minas Gerais.




O bus seguiu por seu caminho tranquilamente, atravessou um pedágio e foi seguindo pela estrada rumo a Belo Vale. Em determinados momentos o motorista teve de diminuir o passo, devido a tanta neblina, que vez ou outra chegava até a bloquear um pouco a vista do que estava pela frente.





Atravessamos a Lagoa dos Ingleses, passamos pelo Viaduto das Almas. Nesse ponto do passeio já estávamos dentro de Belo Vale (MG) e assim que o céu se abriu pudemos observar a lindíssima vista dos arredores.





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Belo Vale, MG

Belo Vale é um município brasileiro do estado de Minas Gerais. Sua população era estimada em pouco mais de 7.500 habitantes em 2010. Por estar localizada no quadrilátero ferrífero, é uma cidade onde se notifica intensa atividade de extração de minério de ferro. A economia de Belo Vale se vê voltada para a agricultura, evidenciada pela produção de Tangerina Ponkan, que atualmente é considerada a maior de Minas Gerais.

Um dos primeiros arraiais de Minas Gerais, fundado por bandeirantes, em 1.681, Belo Vale foi povoado graças à descoberta de ouro nas Roças de Matias Cardoso (atual Roças Novas), em 1.700. Em 1.735, graças à descoberta de ouro na Serra do Mascate, no dia 26 de julho ergueu-se uma igreja em homenagem a Sant'ana, quando o arraial passou a se chamar Santana do Paraopeba.

Entre os anos de 1.760 a 1.780 foi construída a Fazenda Boa Esperança, residência do Barão do Paraopeba, proprietário das terras na localidade. Na fazenda, detinha em torno de 1.000 escravos que trabalhavam na mineração de ouro na Serra do Mascate.

Em torno de 1.760, a aridez das terras de Santana do Paraopeba fez com que os fazendeiros procurassem lugares melhores para a lavoura e a pastagem. Adentraram pelo Rio Paraopeba e deram início, num vale, a um povoado chamado de São Gonçalo, erguendo uma igreja em homenagem ao santo em 1.764.

Com a construção de uma pequena ponte de madeira, mudou-se o nome do povoado para São Gonçalo da Ponte. Em 1.839 este é elevado a distrito. Em 1.914 começaram as obras do ramal do Paraopeba da Estrada de Ferro Central do Brasil. Também em 1.914 o nome do distrito é alterado, passando a se chamar Belo Vale.

Inaugurada em 1.917 a estação ferroviária, o arraial começa a se desenvolver. No ano de 1.926 é construída a ponte Melo Viana, obra majestosa para época, toda feita de cimento [na época o cimento era importado da Europa].

Em 1.938 o então interventor de Minas Gerais, Benedito Valadares, institui o município de Belo Vale se emancipando de Bonfim. Também passaram a incorporar o município de Belo Vale os distritos de Santana do Paraopeba, Moeda e Coco.

Em 1.953, os distritos de Moeda e Coco se emanciparam de Belo Vale com a criação do município de Moeda. No mesmo ano foi criada a Comarca em Belo Vale. Depois de pertencer à comarca de Congonhas, há poucos anos foi refeita a comarca de Belo Vale, que abrange os municípios de Belo Vale e Moeda.

Fonte Pesquisada:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Belo_Vale

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O micro-ônibus foi adentrando pela cidade e passando por igrejas e outras construções, até que finalmente parou em frente ao Museu do Escravo, o primeiro lugar em que entraríamos nessa excursão.












Às 9:06h descemos do ônibus nesse museu, mas o povo estava agitadíssimo, reclamando que estavam com fome e muitos não queriam nem entrar no museu nessa hora [e era verdade! Ao menos para mim, parece que o que comi de panetone no início dessa manhã não adiantou muito e minha barriga até doía, de tanta vontade de comer alguma coisa!].

Como a guia informou para todos que a visita guiada pelo Museu do Escravo começaria apenas às 10:00h e duraria até perto das 11:00h, o pessoal se dispersou pelo centrinho da cidade para buscar alguma coisa pra comer. Eu e a Lu não fomos bobos e também saímos pra encontrar uma padaria ou lanchonete pelo caminho.



Belo Vale é uma cidadezinha bem pequena, arrumadinha e linda, sendo constituída principalmente por pequenas ruelas, que se desenvolvem por toda a cidade. De praticamente qualquer ponto que se olhasse era possível ver seu lindo arredor, com vales belíssimos tomados principalmente por pés de mexericas para cultivo do agronegócio.




Após andar por alguns poucos minutos, paramos para comer salgados em uma lanchonete. No meu caso dois pastéis de sabores diferentes e no da Lu pão de queijo e um espetinho de frango. Ainda que fosse cedo, o movimento do lugar estava bem intenso, provando que Belo Vale era uma cidade cheia de vida e bem movimentada.

Chegamos até a encontrar por aqui a guia do nosso passeio, que entregou um bombom com o nome de alguém da excursão pra cada um e instruiu que nós deveríamos entregá-lo para essa pessoa quando a encontrássemos durante o decorrer do dia. De acordo com ela, isso era uma boa maneira de fazer com que o grupo interagisse e se entrosasse melhor.

Como ainda havia algum tempo antes de voltar e a Lu ouviu de alguém pelo caminho que por aqui vendiam um requeijão super gostoso, não deu outra, continuamos andando pela cidade por mais um tempo até encontrar o lugar que ela desejava. Por ali compramos o requeijão, entramos em uma lojinha de lembrancinhas [mas não chegamos a comprar quase nada] e andamos tudo de volta, até chegar próximo ao Museu do Escravo novamente.

Por ali ainda tirei algumas fotos de um lindo presépio de uma igreja próxima a esse museu:




Nosso tempo já estava bem curto, mas acabou que passamos um pouco o museu e seguimos até uma casinha, apelidada pelo povo daqui de Casarão, onde tentamos comprar o souvenir dessa cidade.

Essa era a vista de fora de quem estava próximo a entrada do Museu do Escravo. Essa casa rosada à direita é o Casarão.

Finalmente, voltamos ao Museu do Escravo e isso não nos atrapalhou em nada, apesar de estarmos uns poucos minutos atrasados.


Nessa hora o pessoal ainda estava um pouco agitado e dispersado, mas a guia foi esperta, juntou todo mundo e pediu que acompanhássemos a guia do museu, que foi andando conosco e explicando como eram as coisas no terrível tempo da escravidão.

O Museu do Escravo foi um espaço cultural construído em formato de uma "casa grande". Além de possuir representação de um pelourinho, abriga em seu acervo diversos instrumentos de castigo, de trabalho, obras de arte sacra, objetos e utensílios domésticos, pratarias e documentos do período da abolição da escravatura.

A parte que entramos no museu era denominada de Casa Grande e nela não era permitido tirar nenhuma foto. Esse termo era utilizado para denominar a casa da família do proprietário das grandes propriedades rurais do Brasil Colonial.

Fonte Pesquisada:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Casa-grande

Rapidamente saímos dali, descemos a escada e entramos numa espécie de galeria do museu, onde estavam dispostas centenas e centenas de itens e utensílios utilizados nessa época da escravatura.

Vista da varanda do casarão, onde estávamos:



A casa grande [onde estávamos antes]:


Assim que cheguei nessa galeria, primeiro preferi sair tirando as fotos de todos os objetos que vi pelo caminho, até que voltei até a guia do museu e depois fui acompanhando e ouvindo com todo mundo a história dos objetos que foram utilizados nessa época.

Para facilitar no entendimento farei como eu fiz então. Vide primeiro todos os objetos dessa galeria. Após isso estarei explicando como alguns deles eram utilizados de forma mais detalhada, nessa terrível época da história do Brasil.

Objetos do Museu do Escravo:











































A guia do museu começou explicando o porquê dos portugueses não terem conseguido escravizar os índios no Brasil e porque eles preferiram utilizar-se do tráfico negreiro.

Por que os africanos foram escravizados no Brasil?

No início da colonização, os portugueses buscaram escravizar os índios de forma sistemática, mas essa iniciativa apresentou uma série de inconvenientes. Eles não estavam acostumados ao trabalho regular e intenso, caíam incapacitados com as doenças trazidas pelos europeus e, sempre que possível, se embrenhavam pelo interior do território, que lhes era familiar. Os relatos apontam que, por volta de 1.562, duas violentas epidemias mataram por volta de 60 mil índios.

Ao mesmo tempo que surgiam as dificuldades com a escravidão dos indígenas, os portugueses já estavam envolvidos com o comércio de escravos em um lucrativo negócio do outro lado do Atlântico. Essa forma de organização do trabalho era adotada nas ilhas africanas dominadas por Portugal e Espanha, como Cabo Verde, Açores e Canárias, que praticavam o sistema deplantation.

As origens dessa exploração, por sua vez, remontam ao século VII, quando a escravidão doméstica, de pequena escala, passou a conviver com um comércio mais intenso após a ocupação do norte da África pelos árabes. Centenas de negros eram trocados e vendidos em sua própria terra ou no mundo árabe. Portugal encontrou esse comércio relativamente organizado, começou a se beneficiar dele e depois o trouxe para o Brasil.

Assim, a coroa lucrava duplamente: com o comércio de escravos e com o uso dessa mão de obra na colônia. A Igreja não se opôs à escravização do negro. Algumas dessas ordens religiosas na verdade eram grandes proprietárias de escravos.

A "missão evangelizadora" também era uma justificativa para escravizar os africanos "infiéis". Além disso, o negro era considerado um ser inferior, uma coisa, não uma pessoa, e por isso não tinha nenhum direito. Dessa forma, gradativamente os negros substituíram os nativos indígenas no trabalho escravo na colônia.

Estima-se que 4 milhões de africanos tenham desembarcado no Brasil entre 1.550 e 1.850, trazidos à força de seu continente, de regiões onde hoje estão Angola, Benin, Congo, Costa do Marfim, Guiné, Mali e Moçambique.


Fonte Pesquisada:

https://novaescola.org.br/conteudo/203/por-que-os-africanos-foram-escravizados-no-brasil

Observe agora como alguns desses objetos eram utilizados e entenda como os castigos dados aos escravos nessa época eram realmente cruéis [aqui estarei misturando imagens que pesquisei na internet, juntamente com outras desse próprio museu].


Tronco: A finalidade principal do tronco era a contenção do negro escravo que tivesse cometido algum tipo de falta, mas também podia se converter em um instrumento de grandes tormentos, uma vez que, se levarmos em conta a imobilidade para a qual os escravos eram submetidos, incluindo a não opção de poder sair dali para satisfação de suas necessidades fisiológicas.

Havia uma grande variedade de troncos, que eram feitos de madeira ou confeccionados com ferro. Os troncos abriam-se em duas metades, que se fechavam por completo, quanto da entrada de um escravo, por meio da fixação de parafusos em suas extremidades. Havia no tronco, buracos grandes e pequenos para os pés e para as mãos.



De acordo com a guia do museu, era costumeiro utilizar a madeira para punir os escravos que gostavam de roubar e o ferro para punir os escravos que gostavam de fugir. Os escravos mais fracos eram levados para a mineração [porque ali costumavam morrer mais rapidamente, devido às péssimas condições de trabalho dentro das minas] e os mais fortes eram utilizados nas lavouras.

Já cheguei a citar um pouco sobre o que acontecia com os escravos que trabalhavam dentro das minas na viagem que fizemos para Ouro Preto (MG). Caso tenha interesse em descobrir o que acontecia, clique no link abaixo para acessar essa viagem.

Link: [AQUI]


Cinto de Castidade: Utilizado para que as mulheres escravas ou homens fossem impedidos de ter relações sexuais com outrem.

As mulheres negras não possuíam um valor comercial tão grande, se comparadas aos negros homens e quando não eram utilizadas para a reprodução, costumavam servir de amas de leite para os filhos brancos do senhores ou em tarefas domésticas simples. Um escravo costumava ter novas roupas apenas umas duas vezes ao ano, e se algum deles morresse, essa roupa era aproveitada em outro escravo.


Gargalheira: Dos vários instrumentos que prendiam o pescoço do escravo, a gargalheira era feita com correntes que prendiam os membros do cativo ao seu corpo, ou servia pra atrelar os escravos uns aos outros, principalmente, quando tinham de se deslocar dos mercados onde eram comprados para as fazendas ou quando eram deslocados para exercerem trabalhos distantes de suas senzalas e fazendas e de seus senhores.


As algemas prendiam as mãos e pés dos escravos e eram feitas com vários feitios, para os escravos mais velhos e para os mais novos e menores. A peia era utilizada quase sempre em uma só perna do escravo e o prendia em seu tornozelo. O peso desses instrumentos impedia que os escravos corressem, ou andassem depressa, dificultando assim sua fuga.


Tamanco de Suplício: Dito como uma das punições "mais leves", costumava ser utilizado para castigar um escravo "guloso", que comia o que não era permitido e então passava o dia de folga dando voltas ao redor da casa grande, calçado com esses tamancos de madeira da lei.

Além de ser bem pesado, o que fazia com que a corda de couro machucasse os pés do punido, ainda fazia barulho ao dar cada passo. Caso o senhor do escravo percebesse que o indivíduo não estava produzindo nenhum som, isto é, não estava andando, ele faria com que seu escravo sofresse um castigo ainda pior, provavelmente algum tipo de açoite.

Escravo sendo açoitado.

Ao usar esse tamanco o escravo tinha apenas duas opções: andar e ficar com os pés inchados e cortados ao final do castigo, ou não andar e ser açoitado ou sofrer um castigo ainda pior para servir de exemplo aos demais.

Vale lembrar que nessa época a religião africana era vista malvista, encarada como um tipo de bruxaria e que não devia ser praticada pelos mesmos, e caso fossem vistos praticando sua religião original os escravos eram punidos.


Gargantilha: O escravo que sofria essa punição teria que ficar atento ao cansaço, pois poderia morrer enforcado caso dormisse. Se um escravo ficasse por aqui por mais de um dia, a chance de morrer desnutrido, de fome ou desidratado seria ainda mais alta.

Caso o senhor quisesse, em algumas dessas punições, poderia deixar melaço e água por perto do escravo, de forma que este não conseguisse alcançar o líquido. Isso aumentaria a tortura psicológica, gerando mais sede no mesmo. Em muitas dessas punições o escravo acabava morrendo desnutrido ou por falta de hidratação.

O dono ainda poderia derramar melaço nesse escravo, para fazer com que ele, além de sentir muita sede e ficasse desidratado, também fosse picado até a morte por insetos, que são atraídos por esse tipo de produto.


Ferro de Marcação: Instrumento de ferro colocado na brasa para marcar escravos acusados de tentativas de fugas. Geralmente tinha o formato da inicial do dono do escravo ou a letra F de fujão.


Palmatória: Muito utilizadas para punir as escravas que trabalhavam dentro da casa grande. Caso estas fizessem algo de desagrado do senhor de escravos ou se comportasse fora dos padrões europeus da época, a negra podia sofrer castigo sendo afligida por esse tipo de palmatória. Além desse tipo de palmatória, também existia uma específica para bater numa criança que fizesse algo de errado, fosse ela livre ou escrava.

Palmatória utilizada em escolas, caso a criança se comportasse de forma errada.

Quando o assunto era punir, afligir e humilhar os escravos, a criatividade das pessoas do Brasil Colonial era quase infinita. Eis aí mais algumas coisas que eles faziam contra o negro escravo, seja ele aquele que foi trazido da África para o Brasil ou o que nasceu em solo nacional e continuou na terrível e desumana condição de escravo.


Máscara de Flandres: Mais conhecida como máscara de jejum, era fabricada com folha de frandes e foi utilizada para impedir que os escravos ingerissem alimentos, bebida ou terra, no período da escravidão no Brasil. Feitas de chapa de aço laminada, eram trancadas com um cadeado atrás da cabeça, possuindo orifícios para os olhos e nariz, mas impedindo totalmente o acesso à boca.


A geofagia voluntária, hábito de comer terra, provocava uma infecção pelo verme necator americanus, incapacitando o escravo. Considerando que o lucro do proprietário era dependente da exploração do trabalho escravo, o adoecimento dos prisioneiros era tratado como prejuízo econômico.

O uso da máscara também impedia o consumo de álcool, prática comum que possibilitava a fuga da realidade desumana através da embriaguez, além de impedir apropriação de alimentos e diamantes.


Armadilha de Urso: Era costumeiro que os escravos tentassem fugir à noite, principalmente devido a escuridão, o que dificultaria e muito a perseguição. Por isso, alguns donos de escravos colocavam armadilhas de ursos em lugares estratégicos, assim, caso algum tentasse fugir e pisasse em alguma delas poderia ser imobilizado, sendo ferido gravemente, podendo até sofrer uma amputação. Isso sem contar com a punição que ainda receberia depois que fosse recapturado por seu dono.


Cama da Dor: O escravo era colocado aqui numa posição extremamente desconfortável, de forma que doesse sua coluna, seus braços e pernas, e ele ainda poderia ser açoitado com o objetivo de confessar sobre o paradeiro de algum colega que conseguiu fugir.

A maioria dos escravos preferia morrer a denunciar algum companheiro que conseguiu se livrar dessa condição desumana e terrível chamada escravidão. As punições não param por aqui, ainda existiam diversos outros tipos de coisas que eram utilizados contra eles. Alguns exemplos disso estão citados aí abaixo:


Anjinhos: Eram instrumentos que prendiam os dedos polegares das vitimas em dois anéis que eram espremidos gradualmente por uma chave ou parafuso.


Cegonha: Era uma espécie de algema ou grilhão que quase unia os pés e as mãos do torturado, impedindo qualquer movimento. Provocava, depois de poucos minutos, fortes câimbras, primeiro nos músculos retais e abdominais, depois nos peitorais, cervicais e nas extremidades do corpo.


Viramundo: Um instrumento de ferro que se abre em duas metades e se fecha por intermédio de um parafuso. Há nele buracos grandes e pequenos para os pés e para as mãos, que são presos inversamente, ou seja: mão direita com pé esquerdo, mão esquerda com pé direito.


Pau de Arara: É uma barra de ferro que é atravessada entre os punhos amarrados e a dobra do joelho, deixando o corpo do torturado pendurado a cerca de 20 ou 30 centímetros do chão. Nessa posição que causa dores terríveis, o escravo ainda sofria pancadas por todo o corpo.

Essas eram as armas costumeiramente utilizadas pelos senhores de escravos:


Agora as armas costumeiramente utilizadas pelos ex-escravos foragidos, que normalmente viviam em quilombos:


Ao observar ambas é fácil perceber pra qual lado normalmente pendiam as batalhas travadas entre os senhores e seus ex-escravos.

Os quilombos surgiram como refúgios de negros que escapavam da repressão durante todo o período de escravidão no Brasil, entre os séculos XVI e XIX. Como a função era de esconderijo, tiveram sucesso os locais de mais difícil acesso. Pelo mesmo motivo, se fazia necessário criar laços comunitários e promover uma autonomia para não depender de recursos externos.

Os moradores dessas comunidades são chamados de quilombolas. Depois da abolição, grande parte preferiu continuar nos povoados que formaram. Com a Constituição de 1.988, ganharam o direito à propriedade e ao uso da terra em que estavam.

Zumbi dos Palmares.

O quilombo mais conhecido, sempre lembrado pelos livros de história, foi o de Palmares, instalado na Serra da Barriga, atual região de Alagoas, mas pelo menos dois mil outros deram origens a comunidades hoje chamadas de remanescentes de quilombo ou quilombolas.

Casa típica de um quilombo da época do Brasil Colonial.

Maquete de um quilombo típico dessa época.

O último objeto que avistei nessa parte da galeria foi uma espécie de carcaça de uma carruagem utilizada pelos senhores de escravo e nobres dessa época:

Carruagem que utilizava tração animal. Além desse tipo, também existiam carruagens que funcionavam movidas manualmente, utilizando-se de escravos.

Ao sair dali a menina nos contou mais sobre o Pelourinho.


Nas cidades, os castigos de açoites costumavam ser feitos publicamente nos pelourinhos: Colunas de pedra em praça pública, velha tradição romana. Na parte superior, estas colunas tinham pontas recurvadas de ferro aonde se prendiam os condenados à forca. Mas o pelourinho não servia somente para a forca, nele também eram amarrados os infelizes escravos condenados à pena dos açoites.

O espetáculo era anunciado publicamente pelos rufos do tambor e grande multidão reunia-se na praça do pelourinho para assistir o escravo ser chicoteado. A multidão excitava e aplaudia, enquanto o chicote abria estrias de sangue na coluna nua do negro escravo.

Fontes Pesquisadas:

http://www.conhecer.org.br/enciclop/2013a/humanas/Tecnicas%20da%20Tortura.pdf

https://www.dicio.com.br/gargalheira/

http://anabelajardim.blogspot.com/2017/03/museu-do-escravo-em-belo-vale.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1scara_de_Flandres

http://entretantashistorias.blogspot.com/2014/09/os-instrumentos-de-tortura-utilizados.html

https://www.geledes.org.br/o-que-e-quilombo-e-quilombola/?gclid=CjwKCAiA27LvBRB0EiwAPc8XWZMSThzV6L1G1p3Fj3foMS0QCvdVhGQiLZK86nzqQzTMtQufBepP0BoCe08QAvD_BwE

Dali voltamos para a parte da Casa Grande, que era a moradia dos senhores de escravos. Não pude tirar fotos nesse local, mas ele basicamente apresentava utensílios e mobiliários utilizados nessa época. Assim que saímos a guia juntou quase todo mundo [alguns preferiram ficar dentro do ônibus] e pediu que uma das funcionárias do museu tirasse uma foto com o pessoal "todo" reunido:


Próximo das 11:10h partimos rumo a Fazenda Boa Esperança, mas isso ficará para o próximo post, já que este ficou bem extenso.


Para acessar a Parte 2 desse relato clique no link abaixo:

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