Serra do Cipó, uma viagem intensa [p1]

Nesse post estarei colocando o relato da viagem que fizemos para a Serra do Cipó, em Minas Gerais.


Tivemos de tudo nesse passeio: pontos altos, pontos baixos, problemas amorosos, sentimentos fortes [tanto de medo quanto de nostalgia] e vistas realmente espetaculares! Confira agora como foi essa viagem.

Explicitações:

Meu ano de 2013 foi bem difícil, principalmente na parte financeira e tive de me virar nos 30 para manter as contas em ordem. Entretanto, as coisas foram mudando pouco a pouco para melhor e no final desse mesmo ano consegui passar em um concurso público da minha cidade.

E em 2014 a situação melhorou um pouco mais porque descobri que tinha passado em um concurso ainda melhor que o anterior [feito em 2012, mas chamando em 2014] e assim migrei para o novo emprego ainda no início daquele ano. Isso me ajudou bastante e após alguns meses resolvi comemorar levando a Luciana até a Serra do Cipó, que faz parte do Município de Santana do Riacho - MG e é um local excelente para se fazer turismo ecológico ou de aventura, com opção de trilhas, trekking, escalada, passeios de caiaque e muitas outras coisas.

Realizei tudo por conta própria apenas pesquisando pela internet e confirmando tudo por telefone [dessa vez fui mais esperto do que nas minhas viagens anteriores e pesquisei bastante sobre o roteiro antes de realizá-lo].

Então acabou que fiz assim:

- Ônibus por conta própria da rodoviária de Belo Horizonte até a Serra do Cipó;

- Duas diárias na Pousada Recanto da Serra, de forma que pudemos aproveitar os três dias do feriado;

- Alguns passeios realizados pela agência de turismo local Bela Geraes, dispostos pelo decorrer dos dias.

Após algumas modificações meu roteiro ficou assim:

DIA 01 - Sexta, 15 de Agosto de 2014

[Início da Manhã] Saída de Belo Horizonte via Ônibus;

[Final da Manhã até Início da Tarde] Chegada a Serra do Cipó e passeio Lagoa da Lapinha e Pintura Rupestre;

[Parte da Tarde] Passeio Serra do Abreu até Cachoeira do Rapel;

[Noite] Vila Cipó.

DIA 02 - Sábado, 16 de Agosto de 2014

[Parte da Manhã até de Tarde] Passeio Cachoeira do Tabuleiro;

[Noite] Demos outra passada na Vila Cipó.

DIA 03 - Domingo, 17 de Agosto de 2014

[Parte da Manhã] Passeio de Quadriculo [Frustrado: não conseguimos realizá-lo];

[Horário do Almoço até Início da Tarde] Lageado e Cachoeira Grande com passeio de canoa pelo Rio Cipó;

[Final da Tarde] Ônibus de Volta da Serra do Cipó para a rodoviária de Belo Horizonte e depois volta para casa.

Com todas as informações importantes em mãos e já sabendo o roteiro que fizemos, chegou a hora de descrever como foi a nossa viagem!

DIA 01 - Sexta-feira [15 de Agosto de 2014]

Acordamos bem cedo e pegamos um coletivo que foi até a rodoviária de Belo Horizonte, e de lá pegamos o ônibus de viagem que foi rumo a Serra do Cipó.

O ônibus seguiu normalmente e sem nenhum contratempo, com exceção do fato de parar muito para pegar mais e mais pessoas, que sempre estavam subindo e descendo do bus. Por azar da minha parte a Lu estava num período muito difícil e se estressava facilmente, quase chegando a discutir comigo durante a ida e realmente chegando a discutir comigo em alguns pontos do passeio.

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Raízes do Estresse da Lu [acredito eu]:

- O trabalho dela era totalmente estressante, sempre trabalhava em todos os sábados e tinha apenas uma folga durante a semana e a cada duas semanas possuía um domingo livre, sendo que essa folga do dia de semana nunca era certa e sempre mudava de dia, o que atrapalhava muito os planos na hora de fazer as coisas;

- Por mais de um ano enfrentou estresse excessivo de trabalhar nesse local, atendendo clientes ignorantes e mal educados praticamente todos os dias, em especial nos fins de semana, que a qualidade desses clientes piorava ainda mais;

- Por problemas de desorganização dos superiores, direto tinha que ficar muito mais tempo trabalhando, ou então acontecia algum problema no almoço e ela tinha que almoçar bem mais tarde devido a algum tipo de problema, o que a irritava bastante;

- O salário não estava compensando pelo tanto que ela trabalhava, e além de tudo isso, os assentos não eram ergonômicos, o que lhe causou um pouco de dor em um dos braços por um bom período de tempo;

- Não combinei o que faríamos por lá com ela, somente falei vamos e ela foi até a Serra do Cipó comigo;

- Detesta caminhar e fazer esforços físicos prolongados;

- Tem medo de altura e não gosta de água.

Basicamente: Ela possui o perfil para qualquer coisa, menos para o que fizemos: escalar, caminhar por horas e fazer esforços físicos contínuos, alimentando bem mais tarde do que estamos acostumados, e ainda sem banheiro durante todo o percurso. Para quem está cansado e super estressado fazer tudo isso por três dias seguidos deve ser quase que como uma tortura. Então ela está perdoada dessa vez! (.__.)

[Dá próxima vez que nós fizermos algo assim [e vou fazer - Monte Roraima está na lista de lugares a serem visitados algum dia], avisarei ela com um bom tempo de antecedência para que ela já vá preparando o coração antecipadamente!]

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Com os motivos do estresse da Lu já explicados, vamos voltar ao relato...


Chegamos após cerca de 2:30h de percurso. Paramos perto de onde precisávamos e chegamos na Pousada da Serra, que pertence à Bela Geraes e seria a nossa base para realizar os passeios.


Ali guardamos nossas coisas e seguimos para o nosso primeiro passeio: Lagoa da Lapinha e Pinturas Rupestres, fomos em uma Land Rover [veículo 4x4] com o guia Tiago Cota e mais dois turistas que estavam conosco.

Após pouco mais de meia hora conseguimos chegar próximos da Lagoa da Lapinha. Ali descemos do veículo e caminhamos até a beirada da lagoa, onde pegaríamos carona em uma canoa para chegar no outro lado da margem.





Seguimos até a costa enquanto o ajudante do Tiago Cota ajeitava a canoa. Observem que o vento estava forte ao ponto de levantar o cabelo da Luciana. Quando o guia remava o vento estava batendo contra a nossa canoa e fazia ela balançar bastante, o que fez a Lu ficar desesperada com medo de cair do barco!



Quando estávamos quase terminando de cruzar a lagoa ela ficou um pouco mais tranquila.



Como estávamos em cinco, o guia Tiago Cota não foi com a gente e ficou esperando do outro lado. Então continuamos nosso caminho para apreciar as pinturas rupestres, em outras palavras, aquelas pinturas que os povos antigos faziam nas paredes, pedras ou cavernas.

Apesar de ter uma subida essa trilha era bem curta e facinha.





E por fim, as pinturas rupestres:




Cheguei a tirar mais fotos, mas prefiro deixar apenas essas porque estão melhores para serem visualizadas. Provavelmente os homens das cavernas que viveram por aqui não foram bons artistas! Existe até um papel debaixo de uma pedra que conta a história dessas pinturas, que você pode ver na foto abaixo:


Visto as pinturas, tivemos uma pequena parada para descanso.




E realizamos todo o percurso de volta, descendo a trilha, cruzando a lagoa novamente até o outro lado, onde o guia do passeio estava nos esperando. Dessa vez o vento estava mais fraco e a favor da canoa, então ela não balançou tanto como na ida.

Como ainda não tínhamos encerrado nossos passeios do dia, entramos na Land Rover e seguimos direto para Serra do Abreu, onde nosso objetivo era chegar até a Cachoeira do Rapel.

Após pouco tempo descemos do veículo e seguimos o restante da trilha a pé. Ao longe já era possível avistar a Serra do Abreu.



Assim que andamos mais um pouco nosso caminho já começou a ficar bem cheio de pedras.





O percurso começou a ficar um pouco mais complicado, às vezes estreito. Enfrentamos descidas, subidas e tivemos que escalar as pedras para subir ao alto da serra.




Ainda nem tínhamos feito todo o caminho, mas a paisagem a cerca de nós já se mostrava deslumbrante e muito arborizada.


E o cerco apertou mais porque tivemos que ter atenção redobrada, pois o caminho estava mais estreito e agora precisávamos ter sempre uma das mãos livres para poder se equilibrar nas pedras.






Como nos videogames, sempre que jogamos em uma fase difícil ela sempre vem acompanhada com um boss à altura! Conosco foi o mesmo, chegando no ponto mais difícil do passeio, encontramos o nosso "Calcanhar de Aquiles". Em algum ponto por aqui tivemos que subir em uma pedra que dava para o penhasco e passamos o maior sufoco para atravessar esse local.

A Lu [que tem medo de altura] sofreu bastante aqui, mas um dos nossos colegas [um engenheiro que fez o mesmo passeio conosco junto a sua esposa] apanhou ainda mais do que ela.



Superado o desafio, ao olhar para trás já dava para ver que estávamos bem alto:


E continuamos seguindo até onde o Tiago Cota queria nos levar, sempre tomando cuidado para se equilibrar e não escorregar nas pedras. Ele sempre pedia que deixássemos pelo menos uma das mãos livres e tivéssemos atenção redobrada aonde estávamos pisando.

Quando eu percebia que o caminho estava complicado demais guardava a câmera no bolso e usava as duas mãos para superar o devido obstáculo, que direto aparecia em nosso caminho.



Daqui já dava para avistar àquela lagoa que a gente tinha passeado mais cedo e mais ao fundo uma das comunidades ribeirinhas da Serra do Cipó.


Aproveitamos para tirar uma foto com o grupo reunido. E a Lu, que estava oscilando muito entre feliz e estressada foi captada pela câmera com essa cara realmente de mal: [O que será que essa menina estava pensando nessa hora?]


E enfim, avistamos o que acredito ser a Cachoeira do Rapel.


Finalmente descansamos um pouco, não deixando claro, de também tirar algumas fotos nossas e dessa belíssima paisagem de pedras.






Sempre que dava eu aproveitava para tirar fotos do casal que estava conosco, pois a câmera deles tinha descarregado, por isso me esforcei bastante para tirar boas fotos em excelentes ângulos de forma que ele pudesse ficar bem feliz quando regressasse ao lar deles e avistasse as fotos desse passeio.


Chegou a hora de descer! O guia tinha reparado no nosso sufoco na hora da ida e escolheu uma rota um pouco mais fácil para voltarmos. Também deu para aproveitar e reparar mais um pouco dessa bela paisagem de pedras, árvores e muita água.




E a natureza ainda nos reservou o que pode ser dito como uma verdadeira recompensa visual:

Luciana contemplando a Lagoa da Lapinha de cima da Serra do Abreu.

Mesmo que estivesse um pouco mais fácil do que na ida, ainda tínhamos que tomar muito cuidado ao descer as pedras. Mesmo assim também deu até para tirar algumas fotos. A qualidade está pior porque tive de guardar minha câmera para ter as duas mãos livres e usei o celular para tirar as fotos mais rapidamente [ele tem a qualidade bem mais fraquinha se comparada a da nossa câmera].






Gastamos todo o período da tarde para realizar esse passeio, que achei bem incrível. Mesmo com alguns momentos bem desgastantes, acho que valeu muito a pena! A Lu, que tinha medo de subir as escadas para a laje da minha casa já estava escalando quase que como um verdadeiro cabrito da montanha! Pulando e saltando de uma rocha para a outra com muita facilidade.

Voltamos para o Land Rover e seguimos de carro até o lugar em que íamos almoçar. Demoramos um bocado na estrada e já estava todo mundo bambo de fome. O guia até tentou contar algumas piadas e conversar conosco para nos distrair mas não teve jeito, a fome já estava apertando pra valer!

Próximo das 17:00h chegamos ao restaurante Luar da Serra, que possui uma estrutura bem simples, mas uma comida realmente gostosa.






Assim que matamos a fome aproveitei para sair do restaurante e tirei algumas fotos dos arredores com a Lu.





Dali seguimos o caminho de volta para a Pousada da Serra, que pertence a Bela Geraes, mas só pegamos nossas coisas, nos despedimos do resto do pessoal e fomos para o local em que nos hospedaríamos, a Pousada Recanto da Serra.

[Fique atento porque o pessoal por aqui adora colocar "Serra alguma coisa" ou "Alguma coisa Serra" no nome das hospedagens, então é importante ter muita atenção para não ir até a pousada errada]

Como já estava querendo ficar escuro e a Lu voltou a ficar estressada novamente, preferi tirar as fotos da nossa pousada no outro dia.

Descansamos até aproximadamente as 19:00h e fomos a pé visitar a Vila Cipó, lugar do qual estavam concentradas dezenas de pousadas, lojinhas dos mais diversos tipos, lanchonetes, bares e restaurantes. A Vila Cipó é muito bonitinha e tem tudo feito em madeira. Minhas fotos não ficaram boas porque infelizmente a nossa câmera não é boa para tirar fotos noturnas.





Essa estátua é uma reprodução da estátua do Juquinha. O original é um pouco maior e está em outro ponto da Serra do Cipó, sendo um dos pontos turísticos daqui [mostrarei ela no sábado, dia em que passamos por lá]. Como a Lu gosta muito de brincos hippie, observamos o que o moço estava vendendo, deixei ela escolher um e dei de presente para ela.

Passamos por diversas lojinhas e compramos algum artesanato. Existem muitas lojas, entretanto elas são bem parecidas. Nessa área também existem vários restaurantes e pousadas e tudo é bonitinho, de madeira, organizado e incrivelmente limpo. Achei o pessoal da Serra do Cipó muito cortês e educado conosco.

Fotos de algumas das lojinhas que achamos mais interessantes [e deixaram a gente tirar as fotos]:





E voltamos a pé para a nossa pousada, onde descansamos e dormimos [felizmente antes de acabar o dia a Lu voltou ao normal! Mas essa paz duraria pouco porque no outro dia ela acordou dolorida e realmente de péssimo humor, ao ponto de estragar o clima do passeio já de manhã bem cedo].

DIA 02 - Sábado [16 de Agosto de 2014]

Acordamos de manhã cedo e lanchamos na pousada, que é bem simples por fora, mas possui piscina e é muito linda e confortável por dentro.





O café da manhã estava incluído na hospedagem, o que já ajuda um pouco a diminuir nos gastos.



Terminado o lanche, fomos até a porta esperar o Land Rover nos buscar para mais um passeio. Dessa vez visitaríamos a Cachoeira do Taboleiro, um roteiro bem mais longo do que o dia anterior. Ali mesmo a Luciana brigou feio comigo, chorou e teve um verdadeiro acesso de raiva, discutiu demais. Só não foi pior porque o carro chegou e tivemos que seguir com o passeio.

Andamos realmente um bocado na Land Rover, vez ou outra ela animava um pouco porque viu que eu realmente estava abatido e desanimado com aquela discussão fútil. Ao nosso grupo também se uniu um jornalista e uma fonoaudióloga [mulher desse cara], além das duas pessoas que tinham nos acompanhado no dia anterior.





Em alguns pontos existem algumas cercas, elas servem para ajudar um pouco na proteção do parque e dividir as fronteiras de onde é habitado e os locais que são preservados pelo IBAMA.


Andamos tanto que dava para ver a paisagem da estrada mudando pouco a pouco.


E o Land Rover chegou em um ponto mais difícil, que precisava fazer muitas manobras e até dar uma pequena volta para não cair do penhasco, nosso carro trepidou muito nessa hora.


E continuamos seguindo a estrada por mais algum tempo.



Passamos pela última cerca e chegamos onde nosso guia queria, então descemos do veículo 4x4.




Agora começava a nossa trilha rumo a Cachoeira do Tabuleiro, mas ainda faltava realmente muito chão pela frente. Para se ter um pouco da noção da distância que andamos, estarei colocando muitas fotos, atente-se principalmente às mudanças da paisagem que vão ocorrendo durante o percurso.














Algo bem interessante que vimos no caminho foram esses líquens alaranjados, eles funcionam como um indicador de pureza do ar. Os brancos e verdes são os mais comuns e costumam ficar em altitudes mais baixas, já nas altitudes mais elevadas vê-se líquens de outras cores, como esse aqui:


O caminho era consideravelmente mais fácil do que o da escalada que fizemos no dia anterior e tinha poucos obstáculos, porém exigia mais do nosso corpo porque tivemos que caminhar continuamente por uma distância bem longa.




Finalmente conseguimos ver a formação do Tabuleiro.


Vendo ao longe parecia que estávamos perto, ledo engano! Tivemos que andar realmente mais um bocado para chegarmos próximo dela. Isso acontece porque é nesse lugar que está a maior cachoeira de Minas Gerais. Então continuamos nossa caminhada.



Na Serra do Cipó venta muito e faz um pouco de frio. Como se pode ver, não há nada além de natureza por todos os lados, por isso é bom ir preparado com algum lanche e água. Depois de tanto andarmos, pouco a pouco, as formações rochosas estavam cada vez mais perto de nós.






Assim que passamos pelo último obstáculo, esse caminho bem pedregoso, conseguimos avistar o rio da Cachoeira do Tabuleiro.



Mas não seguimos por ali, nosso guia, o Tiago Cota, disse que faríamos um caminho alternativo. Como esse relato está ficou muito extenso continue acompanhando ele na próxima parte.

Clique AQUI para ir para a Parte 2 desse relato.

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