Redescobrindo Ouro Preto [p1]
No dia 27/01/2018 realizamos uma excursão bem legal para Ouro Preto e Mariana, em Minas Gerais.
Em algum dia qualquer, estava lá a Lu navegando pelo Facebook e acabou que alguém compartilhou algo bem legal em sua linha do tempo, sobre uma empresa chamada Turismo Ouro Preto. Ela achou interessante e resolveu mostrar isso para mim.
Eu estava com vontade de começar o ano realizando ao menos um passeio, nem que fosse de apenas um dia, e essa proposta da Turismo Ouro Preto caiu como uma luva para mim, já que gosto de fazer excursões e acho que passeios guiados enriquecem muito a viagem.
Então procurei mais informações sobre a empresa pelo Google e combinei que faríamos o passeio para as cidades históricas de Ouro Preto e Mariana no dia 27/01/2018.
E esse dia chegou... A partir de agora estarei colocando o relato de como foi esse incrível passeio:
Sábado [27 de Janeiro de 2018]
Acordamos pouco antes das 6:00h, nos arrumamos e perto das 6:30h solicitamos um Uber. O motorista chegou rapidamente e num pulo já estávamos quase na metade do caminho, mas ele pediu para dar uma parada rápida próximo de um posto de gasolina para ir ao banheiro porque estava apertado demais.
Ele chegou até a pedir desculpas e nos informou que havia andado de carro levando passageiros de um lado para o outro durante toda a noite, mas que não teve oportunidade de parar para ir ao banheiro porque muitos passageiros não gostam disso e não querem parar.
Chegamos ao Othom Palace BH, que fica próximo do Parque Municipal, às 7:12h e logo entramos na recepção, que estava razoavelmente cheia de gente. Por ali ficamos esperando um bocadinho até alguém chegar.
Nosso passeio estava marcado para às 7:30h, mas até esse momento não haviam nos chamado, pelo contrário, um pessoal da Uai Brazil Tours direto chamava grupos diferentes e rapidinho a recepção foi esvaziando, até sobrar nós dois e mais algumas poucas pessoas.
Às 7:43h um guia dessa mesma Uai Brazil Tours nos chamou e entramos num micro-ônibus bem apertado [depois de conversar com o pessoal de lá entendi que a Ouro Preto Turismo também vendia passeios para eles, que realizavam o turismo receptivo no local].
Motivo: Ônibus maiores do que esse não poderiam andar pelas ruelas apertadas de Ouro Preto e nem conseguiriam se desviar dos carros.
E seguimos na estrada por mais algum tempo.
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Ouro Preto, MG
Ouro Preto é uma cidade de Minas Gerais famosa por sua arquitetura colonial e está localizada numa altitude média de 1.179 metros. Abriga uma população de pouco mais de 70.000 habitantes. Foi fundada em 1711 por meio da fusão de diversos arraiais fundados por bandeirantes.
Voltada para mineração no período colonial, a antiga cidade de Ouro Preto é caracterizada pelas ruas de paralelepípedo e pela arquitetura barroca bem preservada. A cidade é considerada Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO. Ela se tornou conhecida durante a era do ouro brasileira, no século XVIII, pela concentração de minas de ouro e por sua prosperidade. Hoje, a cidade é um destino turístico popular.
Fontes Pesquisadas:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ouro_Preto
https://www.tripadvisor.com.br/Tourism-g303389-Ouro_Preto_State_of_Minas_Gerais-Vacations.html
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O ônibus foi se embrenhando pelas ruelas estreitas, desviando dos carros quando precisava e ainda fazendo muitas manobras para chegar até o percurso que eles queriam.
Observe alguns exemplos:
Sem eira nem beira: Antigamente, as casas das pessoas mais abastadas tinham um telhado triplo: a eira, a beira e a tribeira, parte mais alta do telhado. As pessoas com menos condições não conseguiam fazer esse sofisticado telhado, construindo apenas a tribeira e ficando assim “sem eira nem beira”. Por isso, hoje utilizamos essa expressão para designar pessoas destituídas de bens e de posses.
Santo do pau oco: Hoje utilizamos a expressão “santo do pau oco” para designar pessoas dissimuladas, mas a origem dessa expressão é histórica e subversiva. No auge da mineração no Brasil, no período colonial, os impostos sobre o ouro e outros metais e pedras preciosas eram altíssimos.
Para burlar esse esquema, imagens santas de madeira oca eram produzidas e depois recheadas de bens preciosos, como o ouro em pó. Desse modo, era possível passar pelas Casas de Fundição sem pagar os abusivos impostos à Coroa. Não é à toa que uma imagem sagrada que esconde vil metal virou sinônimo de falsidade e hipocrisia.
Feito nas coxas: Esse termo supostamente deriva dos tempos da escravidão, onde os escravos moldavam as telhas das casas nas coxas e dessa forma como alguns tinham as coxas mais grossas, outros mais finas, as telhas não saiam perfeitamente iguais, o que causava goteiras nas casas, quando chovia.
Fontes Pesquisadas:
https://www.fatosdesconhecidos.com.br/de-onde-vem-a-expressao-feito-nas-coxas/
https://super.abril.com.br/blog/superlistas/veja-a-origem-de-10-expressoes-da-lingua-portuguesa/
... Voltando ao relato...
Enquanto contava a história o moço utilizou várias expressões e explicou a origem de cada uma delas, mas estou deixando apenas as citadas acima mesmo. Outro ponto bem interessante abordado por ele era um pouco de como funcionava a sociedade da época.
Sinhazinhas jovens e ricas utilizavam escravos até para andar pela cidade, já que as ruas eram de barro e pessoas que se sujavam para deslocar de um local para o outro precisavam raspar o sapato numa espécie de ferradura que ficava no chão, por isso eram consideradas como "pé-rapados".
Castigos para açoitar os escravos eram muito comuns nessa época, e os que fossem pegos com ouro escondido entre as unhas, no cabelo ou nas orelhas recebiam punições severas, que iam desde serem açoitados no tronco até sofrer fortes cortes nas áreas utilizadas para roubar, de modo que não poderiam mais utilizar esse membro para isso.
Na hora o pessoal estava achando até que era por conta da cor da pele de cada uma, mas a verdade era porque a concentração de cada elemento era diferente. Dadas as explicações seguimos mais ao fundo pela mina, que ficou bem mais escura e estreita. Tínhamos até que abaixar bastante o corpo para não bater a cabeça no teto.
[aliás, coisa que eu não fiz direito, se não fosse o capacete que tinha recebido na entrada minha cabeça estaria até machucada, de tanto que bati o capacete no teto enquanto andava!]
Ali ele nos explicou que os escravos ficavam batendo a picareta o dia inteiro, de forma estressante, com fome e com sede, num barulho ensurdecedor, desde de manhã cedo até tarde da noite, em condições precárias e terríveis, sem sequer algum equipamento de proteção.
A situação era tão precária e absurda que muitos ficavam cegos, surdos, incapacitados ou pereciam com doenças como a silicose [doença respiratória que causa fibrose pulmonar pela inalação de partículas contendo dióxido de silício e poeiras minerais] e às vezes não passavam de 7 anos de vida nessas condições e que por isso a substituição de escravos nas minas era constante e ininterrupta.
Existia até um caminho para seguir, mas ele era muito baixo e totalmente escuro e por isso todos voltamos pelo mesmo lugar do qual viemos. Ao chegarmos na recepção da mina a Lu aproveitou e comprou um brinco de pedrinhas da lua.
Da mina seguimos até uma área próxima da Igreja Nossa Senhora do Pilar, que mesmo ao longe já chamava atenção devido ao seu enorme tamanho. Então descemos do ônibus, compramos os ingressos e entramos na igreja.
[Dica: normalmente essas igrejas funcionam como museus, então quem for estudante paga apenas meia entrada-entrada. O mesmo vale para diversas outras das atrações da cidade. Para esse caso de ainda ser estudante não deixe de levar a carteirinha quando for visitar Ouro Preto]
Aqui o guia nos contou um pouco da história dessa igreja, sobre a participação de Aleijadinho e outros artistas importantes nas obras e também como a sociedade da época se comportava nesse local sacro.
- Para se ter uma ideia, as missas eram celebradas em latim e o padre ficava de costas para as pessoas, indo até um local mais próximo somente quando precisava dar um recado para elas. Os mais abastados ficavam no alto, numa posição péssima para se ver o culto, o que queria dizer que eles queriam mais aparecer e demonstrar status do que qualquer outra coisa. Os homens comuns ficavam de um lado e as mulheres do outro e não se misturavam.
Depois dali seguimos direto para o Restaurante Conto de Réis, local escolhido para o nosso almoço.
Como o relato está ficando muito longo, continue acompanhando no próximo post.
Clique AQUI para ir para a Parte 2 desse relato.
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