Serra do Cipó, uma viagem intensa [p2]

Essa é 2ª parte do relato da nossa viagem a Serra do Cipó, em Minas Gerais.


Caso queira ir para o início deste relato clique AQUI.

Continuando...

Então caminhamos enfrentando vários obstáculos, subindo, descendo, andando e escalando. Atravessamos o rio e seguimos por outra rota, sempre com a ideia de subir para o topo do Morro do Tabuleiro.










E já no topo, começou a aparecer uma trilha com gramado novamente, ficando mais fácil de andar.





Depois de mais algum tempo caminhando, chegamos bem perto da beirada do penhasco.





Estávamos muito alto, afinal, esta é a terceira maior cachoeira do Brasil e a maior de Minas Gerais, à 273 metros de altura, e num local que ainda ventava muito.

Eu nem estava muito preocupado em me aproximar mais para ter uma visão melhor, mas a Lu [que era para ter medo de altura e sofreu um bocado para chegar aqui] e o guia insistiram e me convenceram a aproximar mais da beirada do penhasco para tirarmos uma boa foto juntos. Minha barriga realmente estava sentindo um friozinho por conta da altura, então fui quase que me arrastando até ali.



Pela foto não dá pra perceber, mas aqui você realmente sentirá a imponência da natureza. A vista que tivemos dali foi essa:


Nosso primeiro objetivo, subir no topo do morro para ver a cachoeira mais alta de Minas estava concluído. Até a Lu que não estava tão bem nesse dia deu um belo sorriso nessa hora.


E após descansar por pouco tempo fizemos o caminho de volta, dessa vez com a intenção de seguir o rio pelo caminho que dava para a Cachoeira do Tabuleiro, isto é, fomos em direção àquela cachoeira que vimos a pouco.

Depois de andarmos de volta por toda àquela área chegou a hora de descer novamente.


Assim, finalmente chegou o momento de ir até a beirada da Cachoeira do Tabuleiro. Mas como a natureza nunca nos dá as coisas de mão beijada, tivemos que descer um pequeno desnível e pular de pedra em pedra para chegar no nível do rio novamente.






Aqui já começamos a ver muitos turistas, que estavam descansando, conversando, namorando, banhando numa água realmente gelada e avistamos até alguns jovens subindo em áreas perigosas das paredes para tentar tirar boas fotos. Vez ou outra já havíamos avistado grupos de turistas indo ou voltando da trilha que estávamos fazendo, mas não chegava a ter tantas pessoas como nesse lugar.




O motivo de ter tantas pessoas aqui estava bem claro, simplesmente dava para apreciar uma paisagem como essa:


Daqui já dava para ver melhor a cascata que a gente havia descido.


Paramos para descansar um pouco porque a fonoaudióloga ama água e queria nadar um pouco nesse rio.


E continuamos seguindo pelo caminho de pedra, que hora ficava estreito e hora aparecia alguns obstáculos, mas todos superáveis.





Estávamos quase no final do caminho, mas aqui a coisa complicou mais um pouco.


Para chegar a beirada e avistar a cachoeira do alto precisávamos atravessar esse pedaço do rio pisando na água, mas cabe lembrar que estávamos a 273 metros de altura e esse pedacinho formava uma espécie de laguinho próximo da beirada do penhasco [dando direto para a cachoeira], e para nos ajudar tinha uma abelha voando e andando de um lado para o outro próxima do chão, exatamente na área que tivemos que atravessar [sabe-se lá como essa abelha perdida chegou aqui no topo, mas qualquer acidente poderia ocasionar uma tragédia real].


Com muito cuidado, o guia Tiago Cota foi nos ajudando e passamos pelo laguinho um por um. Por sorte a abelha não deu nenhuma trela para nós e nos deixou em paz. Assim, tiramos algumas fotos nossas e descansamos um pouco.





E contemplamos uma vista espetacular da natureza.




[Sentir na pele aquele vento, estando a essa altura e perceber toda a imponência da natureza que existe nesse local foi uma experiência inesquecível.]

Apesar disso, a cachoeira estava apenas com metade de seu potencial normal. Devido a forte seca e falta de chuvas que tivemos em 2014, acabou que o meio ambiente sentiu esses efeitos e o nível de boa parte das cachoeiras da Serra do Cipó ficou bem abaixo da sua capacidade normal.

Notas importantes:

- É muito importante o cuidado que você precisa ter para chegar até aqui, esse caminho que fizemos por esse rio só foi possível porque em tempos de seca como esse, o nível do rio cai e é dá para seguir pela borda, andando pelas pedras até chegar ali, como nós fizemos;

- Se você não é um profissional, não faça esse caminho sozinho, pois corre o risco de sofrer um acidente sério, afinal, dependendo de onde você se acidentar não terá nenhum socorro, e como as linhas de celular e internet por aqui quase não pegam, esse poderá ser um agravante fatal;

- Sempre os nativos da região conhecem melhor as trilhas do que nós viajantes, então você corre o risco de se perder e ir por uma trilha muito perigosa, o que novamente poderá ser um agravante para algum tipo de acidente mais sério;

- Nunca faça passeios como esse em tempos de chuva, o nível do rio pode encher rapidamente e ocasionar um acidente muito sério, até fatal;

- Diversão com segurança, sempre respeite a natureza, quando a gente deixa de respeitá-la é quando os piores acidentes acontecem.

Voltando ao relato...

Terminado tudo que precisávamos fazer, chegou a hora de voltar. O primeiro obstáculo foi ter que pular aquele "laguinho" perigoso novamente. Por sorte a abelha já não estava lá mais. Passamos com facilidade, seguimos o rio e subimos as pedras das cascatas até chegar na parte das trilhas outra vez.


Dali, fizemos todo o percurso de volta. Entretanto, prefiro não deixar nenhuma foto para que o relato não fique cansativo e com conteúdo duplicado. Após algumas horas de caminhada, chegamos próximos a nossa querida Land Rover 4x4.



E fomos em busca de um bom restaurante para comer, afinal, nem tínhamos almoçado ainda e todo mundo estava tremendo de fome.






A Lu aproveitou e até tirou uma pequena soneca enquanto estávamos no caminho. A Serra do Cipó é muito bonita e até o ato simples de olhar pela janela do carro já nos agracia com uma bela visão da natureza.






No caminho, aproveitamos para dar uma parada rápida para visitar a estátua do Juquinha, um dos pontos turísticos da Serra do Cipó. A Lu não quis sair do carro comigo porque estava muito cansada [Nem pudera! Claramente esse foi o dia que ela mais se exercitou na vida!].




Tirei uma foto para o casal e eles tiraram uma minha na estátua e voltamos para nosso carro para finalmente podermos almoçar.




De acordo com a lenda local:

Juquinha da Serra era um andarilho que vivia na Serra do Cipó, MG. Figura folclórica da região, ele acabou tornando-se um ponto turístico local. Era comum vê-lo trocando as suas flores e plantas colhidas por qualquer coisa que os visitantes traziam: de pequenos utensílios até um prato de comida.

A sua identificação com a Serra era tal que em 1987, após a sua morte, prefeitos de Conceição do Mato Dentro e Morro do Pilar resolveram homenageá-lo com uma estátua localizada em um dos pontos mais altos da paisagem.

José Patrício, o Juquinha das Flores, brotou da serra. A serra o acolheu! A humana flor... assim dizia: Be-en-énça, cumpade! Ó o fósq...

Dizem que mamou na loba; Comia escorpiões; Foi picado por mais de cem cobras... Tinha mais de cem anos... Ele é a própria lenda da Serra do Cipó...

Essência de flor. O imortal, Juquinha das Flores... JUQUINHA DA SERRA!

Passado mais um pouco de tempo na estrada, chegamos ao restaurante Chapéu do Sol, onde enchemos o bucho.




Assim que almoçamos, pegamos a estrada outra vez e fomos deixados perto da nossa pousada, entramos, pulamos na nossa cama e descansamos um bocado. Até eu, que em muitos dias ando o dia inteiro no serviço, senti algum dolorimento por conta desse passeio, já a Lu, que tem um preparo físico bem menor que o meu, estava um verdadeiro caco.

À noite, demos uma passada na Vila Cipó e comemos hambúrguer em uma das lojinhas por ali e voltamos para nossa pousada, onde descansamos até nosso terceiro e último dia por aqui.

DIA 03 - Domingo [17 de Agosto de 2014]

Acordamos um pouco doloridos devido a longa caminhada do dia anterior, mas nada sério. Após lanchar na pousada, fomos a pé até onde o guia da Bela Geraes tinha nos indicado: em frente a uma lojinha na própria Vila Cipó.

Nossa intenção para esse dia era fazer o seguinte:

  • Passeio de bug pela parte da manhã;
  • Passeio de canoa canadense pelo rio Cipó pouco depois do almoço;
  • Ir embora de volta para Belo Horizonte no final da tarde.

Mas tivemos um grande contratempo. A empresa que gerencia os bugs [não sei dizer o nome dela ao certo, mas ela era a única que operava na Serra do Cipó em 2014] simplesmente não tinha anotado o meu nome e o da Lu, e olha que eu paguei tudo com uns três meses de antecedência, e à vista ainda por cima.

O atendente dessa loja era muito ignorante, disse que isso era problema do Tiago Cota e então os dois começaram a discutir em voz alta na nossa frente. O Tiago tentou até ligar para o dono dessa agência para falar diretamente com ele, mas não conseguiu contato e acabou que não conseguimos realizar esse passeio, o que atrapalhou bastante na nossa programação.

Chegamos até a ir na Pousada da Serra, que pertence ao Tiago Cota e ficamos um pouco por lá. Ele pediu desculpas para a gente e falou que ia nos reembolsar, chegou até a ir procurar algum dinheiro, mas acabou que desistiu de última hora, dando a desculpa que iria me enviar o dinheiro pela conta corrente [assim que ouvi essas palavras já imaginei que ele ia sacanear, mas preferi ficar calado e apenas fazer o último passeio que faltava].

Saímos dali e andamos pela Vila Cipó, até chegar na área do Parque Nacional da Serra do Cipó. Após apresentar um papelzinho entramos nela e o primeiro lugar que vimos foi o Lageado, que é essa lagoa bem simplesinha. Tinha até alguns turistas se banhando.





Perto dali vimos a Cachoeira Grande.




O rio que dá para essa cachoeira, que acredito chamar Rio Cipó, seria nossa base para o passeio de canoa canadense.


O guia que nos ajudou aqui foi aquele mesmo do passeio do primeiro dia. Enquanto ele estava numa canoa sozinho eu tive que dividir a outra com a Lu. É muito gostoso passear pelo rio, a única coisa ruim é tem que molhar a poupança naquela água extremamente gelada.



Nós estávamos muito fora de sincronia e nosso barco quase não andava pelo rio, então no início foi uma peleja para conseguir navegar por ele. Ali avistamos flamingos, dezenas de capivaras e até uma tartaruguinha [que pulou para dentro do rio quando fui tirar uma foto dela].






O que achei mais legal nesse passeio, foi que aos poucos estávamos sincronizando as nossas remadas e quando assustei já estávamos totalmente sincronizados, dessa vez andando bastante a cada remada e realmente podendo apreciar toda a beleza da natureza a nossa volta.





Depois de pouco mais de 20 minutos navegando chegamos à prainha, ali descansamos um pouco e tiramos algumas fotos.





A Lu aproveitou até para escrever na areia da prainha.


Assim que descansamos um pouco, fizemos todo o caminho de volta remando, chegamos até a avistar aquela tartaruguinha novamente, mas da mesma forma que antes, quando fui tirar a foto dela a esperta pulou para dentro do rio outra vez.

Dica Especial: A Lu, que durante os dias do passeio estava muito estressada por motivos pessoais e de trabalho, parece que realmente teve a sua alma lavada após realizarmos esse passeio. Sincronizar nossas remadas pouco a pouco não nos ajudou apenas a navegar melhor pelo rio, mas também a nos sincronizarmos melhor até no nosso próprio relacionamento.

Então, se sua companheira está uma pilha de nervos, briga muito com você e está estressada demais, seja por motivos pessoais ou de trabalho, recomendo que realize esse passeio antes de todos os outros. O casal não conseguirá navegar corretamente no barco enquanto os dois não se acertarem e se sincronizarem nas remadas, e enquanto isso apreciarão uma paisagem realmente maravilhosa, rica, gostosa de se estar e ainda conseguirão ver dezenas de capivaras que ficam na beira do rio ou tentando cruzá-lo.

Se esse é o seu caso. Tenho certeza que sua companheira voltará totalmente diferente ao realizar esse passeio, já com a alma lavada e disposta a curtir melhor o que a Serra do Cipó tem a nos oferecer, da mesma forma que aconteceu comigo e a minha companheira.

Dica Extra: Prepare-se para molhar o bumbum numa água super gelada. Não é possível navegar pela canoa canadense sem molhar a nossa querida poupança. Mesmo com esse contratempo ainda indico o passeio e o dito como sendo inesquecível.

Cuidado na hora da volta: Eu quase cometi um erro mais sério. Ao invés de parar na costa estava remando com a Lu rumo a queda da Cachoeira Grande. Sorte que o guia nos viu, avisou a tempo e nos encaminhou para o local correto. Caso ele não tivesse me avisado nós correríamos o risco até de cair dessa pequena queda d'água. Apesar de achar que não iríamos nos machucar, com certeza iríamos molhar todos os nossos equipamentos, cartão, câmera fotográfica, celular, enfim, o que tivesse conosco naquela hora, além de sofrer também um baita susto!

Acabado o nosso passeio voltamos para a Vila Cipó e almoçamos num dos restaurantes que estavam por perto. Escolhemos o Restaurante Matuto.




Após o almoço, voltamos até a Pousada da Serra, onde já tínhamos deixado as nossas coisas, ali ficamos assistindo TV e esperando dar o horário do nosso bus. Dado o tempo, nos afastamos um pouco da Vila Cipó e esperamos na estrada mesmo.

O que acho mais absurdo é que um dos pontos turísticos mais importantes de Minas Gerais simplesmente não tem um terminal de ônibus ou ponto específico que os visitantes possam esperar [ano de 2014]. Ao nosso lado vimos um ou dois casais que não sabiam o que fazer, pois os ônibus de viagem sempre estavam lotados e eles estavam esperando por mais de três horas sem saber como voltar.

Por sorte alguém deu carona para eles e o casal conseguiu finalmente voltar para casa. Já nós fomos mais espertos:

- Para nos precaver usei a cabeça e agi do seguinte modo: Fiquei a frente de um ponto mais estreito da rua, onde os ônibus teriam de diminuir a velocidade, assim, deixei o papel do voucher da viagem na minha mão e sempre balançava a mão acenando esse papel para os motoristas, fiz isso umas duas ou três vezes até acertar o nosso ônibus [que demorou um bocado por conta de atraso deles].

O povo aqui é bem esperto e senta no lugar de quem pagou as passagens antecipadamente. Se isso acontecer com você, basta mostrar o papel para a pessoa que ela irá gentilmente se levantar e procurar outro lugar. Nossa viagem de volta também foi bem tranquila e tirando o contratempo do ônibus dar muitas paradas para subir e descer passageiros a todo tempo, não tivemos nenhum problema relevante.


Assim que desembarcamos, pegamos um coletivo até minha casa, onde guardamos nossas coisas. Levei a Lu para pegar o ônibus para casa dela e regressei novamente ao meu lar.


Viagem Finalizada!

Conquistas do Passeio:


Esclarecimentos:

- Após o passeio tentei por mais algumas vezes ver se conseguia o reembolso com a Bela Geraes, mas eles sempre inventavam alguma desculpa e nunca nos reembolsaram. É por esse motivo que apesar de termos realizados todos os passeios com eles não os recomendei eles na minha lista de boas agências de turismo da região metropolitana de Belo Horizonte. Caso tenha interesse de conhecê-las clique AQUI.

Boa sorte...


... e até a próxima viagem!

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