Serra do Cipó, uma viagem intensa [p2]
Essa é 2ª parte do relato da nossa viagem a Serra do Cipó, em Minas Gerais.
Continuando...
Então caminhamos enfrentando vários obstáculos, subindo, descendo, andando e escalando. Atravessamos o rio e seguimos por outra rota, sempre com a ideia de subir para o topo do Morro do Tabuleiro.
Eu nem estava muito preocupado em me aproximar mais para ter uma visão melhor, mas a Lu [que era para ter medo de altura e sofreu um bocado para chegar aqui] e o guia insistiram e me convenceram a aproximar mais da beirada do penhasco para tirarmos uma boa foto juntos. Minha barriga realmente estava sentindo um friozinho por conta da altura, então fui quase que me arrastando até ali.
Depois de andarmos de volta por toda àquela área chegou a hora de descer novamente.
Apesar disso, a cachoeira estava apenas com metade de seu potencial normal. Devido a forte seca e falta de chuvas que tivemos em 2014, acabou que o meio ambiente sentiu esses efeitos e o nível de boa parte das cachoeiras da Serra do Cipó ficou bem abaixo da sua capacidade normal.
Notas importantes:
- É muito importante o cuidado que você precisa ter para chegar até aqui, esse caminho que fizemos por esse rio só foi possível porque em tempos de seca como esse, o nível do rio cai e é dá para seguir pela borda, andando pelas pedras até chegar ali, como nós fizemos;
- Se você não é um profissional, não faça esse caminho sozinho, pois corre o risco de sofrer um acidente sério, afinal, dependendo de onde você se acidentar não terá nenhum socorro, e como as linhas de celular e internet por aqui quase não pegam, esse poderá ser um agravante fatal;
- Sempre os nativos da região conhecem melhor as trilhas do que nós viajantes, então você corre o risco de se perder e ir por uma trilha muito perigosa, o que novamente poderá ser um agravante para algum tipo de acidente mais sério;
- Nunca faça passeios como esse em tempos de chuva, o nível do rio pode encher rapidamente e ocasionar um acidente muito sério, até fatal;
- Diversão com segurança, sempre respeite a natureza, quando a gente deixa de respeitá-la é quando os piores acidentes acontecem.
Voltando ao relato...
Terminado tudo que precisávamos fazer, chegou a hora de voltar. O primeiro obstáculo foi ter que pular aquele "laguinho" perigoso novamente. Por sorte a abelha já não estava lá mais. Passamos com facilidade, seguimos o rio e subimos as pedras das cascatas até chegar na parte das trilhas outra vez.
Juquinha da Serra era um andarilho que vivia na Serra do Cipó, MG. Figura folclórica da região, ele acabou tornando-se um ponto turístico local. Era comum vê-lo trocando as suas flores e plantas colhidas por qualquer coisa que os visitantes traziam: de pequenos utensílios até um prato de comida.
A sua identificação com a Serra era tal que em 1987, após a sua morte, prefeitos de Conceição do Mato Dentro e Morro do Pilar resolveram homenageá-lo com uma estátua localizada em um dos pontos mais altos da paisagem.
José Patrício, o Juquinha das Flores, brotou da serra. A serra o acolheu! A humana flor... assim dizia: Be-en-énça, cumpade! Ó o fósq...
Dizem que mamou na loba; Comia escorpiões; Foi picado por mais de cem cobras... Tinha mais de cem anos... Ele é a própria lenda da Serra do Cipó...
Essência de flor. O imortal, Juquinha das Flores... JUQUINHA DA SERRA!
Passado mais um pouco de tempo na estrada, chegamos ao restaurante Chapéu do Sol, onde enchemos o bucho.
À noite, demos uma passada na Vila Cipó e comemos hambúrguer em uma das lojinhas por ali e voltamos para nossa pousada, onde descansamos até nosso terceiro e último dia por aqui.
DIA 03 - Domingo [17 de Agosto de 2014]
Acordamos um pouco doloridos devido a longa caminhada do dia anterior, mas nada sério. Após lanchar na pousada, fomos a pé até onde o guia da Bela Geraes tinha nos indicado: em frente a uma lojinha na própria Vila Cipó.
Nossa intenção para esse dia era fazer o seguinte:
- Passeio de bug pela parte da manhã;
- Passeio de canoa canadense pelo rio Cipó pouco depois do almoço;
- Ir embora de volta para Belo Horizonte no final da tarde.
Mas tivemos um grande contratempo. A empresa que gerencia os bugs [não sei dizer o nome dela ao certo, mas ela era a única que operava na Serra do Cipó em 2014] simplesmente não tinha anotado o meu nome e o da Lu, e olha que eu paguei tudo com uns três meses de antecedência, e à vista ainda por cima.
O atendente dessa loja era muito ignorante, disse que isso era problema do Tiago Cota e então os dois começaram a discutir em voz alta na nossa frente. O Tiago tentou até ligar para o dono dessa agência para falar diretamente com ele, mas não conseguiu contato e acabou que não conseguimos realizar esse passeio, o que atrapalhou bastante na nossa programação.
Chegamos até a ir na Pousada da Serra, que pertence ao Tiago Cota e ficamos um pouco por lá. Ele pediu desculpas para a gente e falou que ia nos reembolsar, chegou até a ir procurar algum dinheiro, mas acabou que desistiu de última hora, dando a desculpa que iria me enviar o dinheiro pela conta corrente [assim que ouvi essas palavras já imaginei que ele ia sacanear, mas preferi ficar calado e apenas fazer o último passeio que faltava].
Saímos dali e andamos pela Vila Cipó, até chegar na área do Parque Nacional da Serra do Cipó. Após apresentar um papelzinho entramos nela e o primeiro lugar que vimos foi o Lageado, que é essa lagoa bem simplesinha. Tinha até alguns turistas se banhando.
Dica Especial: A Lu, que durante os dias do passeio estava muito estressada por motivos pessoais e de trabalho, parece que realmente teve a sua alma lavada após realizarmos esse passeio. Sincronizar nossas remadas pouco a pouco não nos ajudou apenas a navegar melhor pelo rio, mas também a nos sincronizarmos melhor até no nosso próprio relacionamento.
Então, se sua companheira está uma pilha de nervos, briga muito com você e está estressada demais, seja por motivos pessoais ou de trabalho, recomendo que realize esse passeio antes de todos os outros. O casal não conseguirá navegar corretamente no barco enquanto os dois não se acertarem e se sincronizarem nas remadas, e enquanto isso apreciarão uma paisagem realmente maravilhosa, rica, gostosa de se estar e ainda conseguirão ver dezenas de capivaras que ficam na beira do rio ou tentando cruzá-lo.
Se esse é o seu caso. Tenho certeza que sua companheira voltará totalmente diferente ao realizar esse passeio, já com a alma lavada e disposta a curtir melhor o que a Serra do Cipó tem a nos oferecer, da mesma forma que aconteceu comigo e a minha companheira.
Dica Extra: Prepare-se para molhar o bumbum numa água super gelada. Não é possível navegar pela canoa canadense sem molhar a nossa querida poupança. Mesmo com esse contratempo ainda indico o passeio e o dito como sendo inesquecível.
Cuidado na hora da volta: Eu quase cometi um erro mais sério. Ao invés de parar na costa estava remando com a Lu rumo a queda da Cachoeira Grande. Sorte que o guia nos viu, avisou a tempo e nos encaminhou para o local correto. Caso ele não tivesse me avisado nós correríamos o risco até de cair dessa pequena queda d'água. Apesar de achar que não iríamos nos machucar, com certeza iríamos molhar todos os nossos equipamentos, cartão, câmera fotográfica, celular, enfim, o que tivesse conosco naquela hora, além de sofrer também um baita susto!
Acabado o nosso passeio voltamos para a Vila Cipó e almoçamos num dos restaurantes que estavam por perto. Escolhemos o Restaurante Matuto.
O que acho mais absurdo é que um dos pontos turísticos mais importantes de Minas Gerais simplesmente não tem um terminal de ônibus ou ponto específico que os visitantes possam esperar [ano de 2014]. Ao nosso lado vimos um ou dois casais que não sabiam o que fazer, pois os ônibus de viagem sempre estavam lotados e eles estavam esperando por mais de três horas sem saber como voltar.
Por sorte alguém deu carona para eles e o casal conseguiu finalmente voltar para casa. Já nós fomos mais espertos:
- Para nos precaver usei a cabeça e agi do seguinte modo: Fiquei a frente de um ponto mais estreito da rua, onde os ônibus teriam de diminuir a velocidade, assim, deixei o papel do voucher da viagem na minha mão e sempre balançava a mão acenando esse papel para os motoristas, fiz isso umas duas ou três vezes até acertar o nosso ônibus [que demorou um bocado por conta de atraso deles].
O povo aqui é bem esperto e senta no lugar de quem pagou as passagens antecipadamente. Se isso acontecer com você, basta mostrar o papel para a pessoa que ela irá gentilmente se levantar e procurar outro lugar. Nossa viagem de volta também foi bem tranquila e tirando o contratempo do ônibus dar muitas paradas para subir e descer passageiros a todo tempo, não tivemos nenhum problema relevante.
Conquistas do Passeio:
Esclarecimentos:
- Após o passeio tentei por mais algumas vezes ver se conseguia o reembolso com a Bela Geraes, mas eles sempre inventavam alguma desculpa e nunca nos reembolsaram. É por esse motivo que apesar de termos realizados todos os passeios com eles não os recomendei eles na minha lista de boas agências de turismo da região metropolitana de Belo Horizonte. Caso tenha interesse de conhecê-las clique AQUI.
Boa sorte...
... e até a próxima viagem!
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