Intercâmbio no Uruguai [p18]

Essa é a 18ª parte do relato do que fiz sobre meu intercâmbio no Uruguai.

Nessa parte continuo contando como foi conhecer Salto del Penitente [em Minas], um tipo de passeio que não é feito pelos turistas estrangeiros, e sim pelos próprios uruguaios.

Caso queira ir para o início deste relato clique AQUI.

E agora a continuação do relato...

DIA 21 - Sábado [25 de Fevereiro de 2017] - Cont.

O restaurante era bem rústico, simples e todo trabalhado em madeira. Das janelas se poderia ter uma visão bem panorâmica da tirolesa e do vale com o riacho mais ao fundo, algo muito belo de se ver.




Por toda a minha viagem a esse país, sempre estive próximo ao litoral e por isso a comida de um lugar para o outro era um pouco mais parecida, mas como estava mais distante dessa vez, isto é, mais adentro do país, a culinária local variou bastante e tive de pensar muito para escolher a minha refeição.


Por fim, acabei acatando a sugestão da dona do restaurante e pedi estrogonofe de javali + coca + postre, antes, claro, de perguntar se não era proibido comer carne de javali. Ela apenas me respondeu assim:

Dueña: ¡Jabalí es un cerdo salvaje! [Dona: Javali é um porco selvagem!]

Depois disso não tive nem como recusar, enfiei tudo goela abaixo mesmo! Com exceção do rabo do animal, que mais parecia com o de uma ratazana, essa parte preferi deixar de lado mesmo!




Não era ruim, mas achei o gosto um pouco esquisito e ainda veio com aquele arroz grudado que de vez em quando aparece nos pratos uruguaios [infelizmente ele não é gostoso como o arroz brasileiro]. Creio que esse tenha sido o prato mais exótico que comi até o momento [ano de 2017]. Apesar do que a moça falou, ainda fiquei meio preocupado, achando que tinha comido um animal que deveria ser protegido pelas leis ambientais.

Mas como quem está em Roma deve agir como os romanos, deixei a frescura de lado e encarei o prato numa boa, e de quebra, ainda pedi o meu postre [a sobremesa].


Nesse meio tempo também observei como aquela menina estava trabalhando e também a sua incrível habilidade com a tirolesa:


Aliás, isso que vi nela foi algo que gostei muito dos uruguaios em geral, eles são super trabalhadores, se possuem algum objetivo vão dar seu sangue até consegui-lo e mesmo sendo nova, menor de idade, estava trabalhando junto ao seu pai e com isso os dois estavam assegurando o sustento da sua própria família.

Se eu não estiver enganado isso não está na legislação do país, sequer aquela lei de se trabalhar 44 horas semanais pela CLT existe por aqui. O que mais se vê é que o uruguaio em geral faz o seu trabalho normal e ainda o complementa com uma série de bicos.

Cavalgada:

De bucho cheio, bem alimentado e com o corpo descansado, chegou a hora de passear mais um tiquinho pelo parque, e não deu outra, o que estava na minha cabeça nesse momento era simplesmente realizar uma cavalgada por aí! Nisso paguei a ficha e fui até uma casinha onde me indicaram.





Aqui fui recebido por um senhor bem velhinho, mas que trabalhava nisso a muito tempo e conhecia tudo desse ofício. Ele me apresentou o cavalo "Malandro", disse que ele era bem esperto e que o animal seria capaz de perceber que eu era totalmente iniciante, por isso iria devagarzinho comigo.

Antes de subir até tentei tirar uma selfie animal, mas como o cavalo não quis isso direito acabei tirando apenas uma única foto ao lado dele.

Após isso o moço me ajudou e enfim começamos a nossa cavalgada.






Durante o caminho eu apreciava a paisagem, vez ou outra acariciava o cavalo, tirava algumas fotos e ainda conversava com o senhor.










Vez ou outra também passava próximo a arbustos, nisso era só se segurar um pouco mais forte para não perder o equilíbrio. Só passei um pouco de aperto mesmo nessa parte:





Ao chegar no riacho o "Malandro" virou muito o pescoço e parou para dar uma golada d'água. Nesse momento tive um pouco de dificuldade de me segurar, mas em pouco tempo o cavalo continuou a fazer seu trajeto normal.

Outra coisa interessante desse passeio é que não era eu que estava conduzido o cavalo [ele me julgou muito incompetente para isso!], era o próprio cavalo que estava seguindo o trajeto que já estava acostumado a fazer.

E fomos voltando, até chegar novamente naquela casinha.




Ao descer tirei minha última foto ao lado do "Malandro", me despedi do senhor e fui embora dali.


Senderos:

Caminhei até aquela placa que eu havia chegado antes de almoçar e segui para ver o que havia depois dali.






Nessa parte eu tinha ficado bem na dúvida, pois por mais que andasse não encontrava nada. Antes de ir cheguei até a perguntar a um dos funcionários se precisava levar alguma coisa por aqui, mas ele disse que não era necessário.

Como não consegui entender de maneira nenhuma o que eram esses tais senderos continuei andando até ver se encontrava alguma coisa, e o que reparei é que em alguns pontos numerados existiam algumas barracas montadas.






Mesmo depois de tanto tempo me deslocando não consegui avistar nenhum ponto turístico importante e por isso preferi voltar para não correr o risco de me perder por aqui.




Ao observar ao longe aquela casinha e a linha da tirolesa tive certeza que estava no caminho certo.



[Notas do autor: Enquanto estava aqui não tive curiosidade disso, mas apenas saber o significado da palavra senderos, que estava na placa, já traria total sentido do para que que essa área enorme servia. Em suma, senderos significa trilhas.]

Como perdi muito tempo nessa parte, preferi agitar um pouco e decidir me arriscar no Rapel.

Rapel:

Em Salto del Penitente se pratica o rapel em cima do restaurante mesmo. Primeiro o instrutor nos ensina como se faz e mostra onde devemos descer.





Ver o instrutor fazendo pode até parecer fácil, mas tive uma enorme dificuldade de compreendê-lo, principalmente por conta dos nomes dos equipamentos e do jeito rústico deles, o que fazia com que ficassem ainda mais difícil de manusear as coisas para mim [aqui eu enfrentaria o mesmo problema que tive com aquelas luvas com uma madeirinha na hora da tirolesa].

Mesmo assim, com coração acelerado, adrenalina a mil vesti o equipamento e com muito esforço tentei ao menos começar a praticar esse esporte.


Com muita dificuldade, tomei coragem e ultrapassei a cerca de ferro.


E ao olhar pra baixo vejo isso:


Foi demais pro meu coração! E para piorar a parede que eu deveria descer não era reta, tinha um vão que deixava tudo ainda mais perigoso e complicado.

Ilustração.

Tentei um último lapso de coragem...


... mas não deu, fraquejei miseravelmente! Fazer rapel desse jeito, com essa dificuldade, sem compreender bem as instruções em espanhol por conta das várias palavras de cunho técnico e esse vão perigoso foi demais pra mim! Por isso pedi desculpas aos funcionários e voltei para o lado mais seguro.

Nisso, até me informaram que se eu quisesse poderia pegar o dinheiro que investi nesse passeio de volta, mas disse pra eles que isso foi uma falha somente minha, portanto, do meu ponto de vista, seria errado pedir a devolução do dinheiro.

Antes de ir observei uma mulher que foi mais corajosa que eu e tentou esse desafio, e ocorreu com ela exatamente o que eu previa. Sorte que ela não se machucou.

1 - Preparando para descer...


2 - Descendo...


3 - Chegando na hora de passar pelo vão...


4 - e...


... ela se enroscou de alguma forma e ficou de cabeça pra baixo por alguns minutos. Tentou se contorcer bastante e certamente passou muito aperto, mas de alguma forma conseguiu encostar os pés na parede e assim finalmente pôde descer o resto do caminho em segurança.

Pra mim o que cria a tamanha dificuldade era o vão. Esse tipo de coisa deveria ser feita em uma parede o mais reta possível, principalmente porque provavelmente a maioria das pessoas que vêm aqui provavelmente são iniciantes nesse esporte.

Após isso voltei para aquela casinha da administração e passei um bom tempo conversando com os funcionários de lá.


Dali fui para uma mini-lanchonete que estava por perto e comi um pão com milanesa e Coca-Cola.




Como ainda faltavam umas duas horas pro horário que eu deveria voltar, resolvi voltar até uma pedra que vi num riacho que tinha visto antes e escrevi no meu caderninho as coisas que tinha feito até esse momento durante esse dia.




Aliás, é por fazer assim que costumo conseguir reproduzir a história de tudo o que fiz nos meus passeios, mesmo se eu demorar bastante tempo para começar a escrever o relato.

[Essa parte que estou relatando agora, por exemplo foi escrita no PC no dia 17/05/2018, um bommmmmmm tempo depois do dia que fiz meu intercâmbio]

Aproveitei ainda para tirar uma selfie e pra visualizar o meu chaveirinho de outro ângulo.



Às 17:00h voltei a administração novamente e perguntei a gerente do lugar como fazia para ir embora e ela me indicou o funcionário que faria o translado até o terminal de ônibus de Minas. Nisso, entrei na caminhonete com um casal de uruguaios e partimos.










Fomos conversando de boas e às 18:15h me despedi do pessoal porque tinha chegado ao terminal de ônibus. Ali troquei o voucher no lugar certo e fiquei esperando o bus por um bom tempo.




Finalmente, às 18:50h o dito cujo partiu rumo a Montevideo.





Cheguei no Terminal Tres Cruces às 21:00h, e como já estava bem cansado, suado e fedorento, preferi evitar a fadiga e peguei um táxi no próprio terminal rodoviário.



Dessa vez o táxi foi bem mais rápido do que o da manhã e pude conversar com o motorista em português mesmo [já que ele disse que preferia conversar assim, se não me engano ele era ou uruguaio ou argentino e viveu por algum tempo no Brasil] e às 21:30h finalmente estava de volta.


Tomei um banho bem merecido após toda essa jornada, conversei por chamada de voz no WhatsApp com a Lu porque ela estava bem preocupada comigo [como meu telefone só funcionava em lugares com WiFi não pude me comunicar com ela nenhuma vez durante todo o dia], mexi um pouquinho no PC, comi alguns biscoitos recheados e fui dormir.


Dia finalizado! No próximo post estarei continuando com esse relato.

Clique AQUI para ir para a Parte 19 desse relato.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Inhotim, Brumadinho - MG [Dicas de Roteiro]

São Thomé das Letras, MG [Dicas de Roteiro]

Crie seu próprio blog de viagens

Vale Verde, Betim - MG [Dicas de Roteiro]

Serra do Cipó, MG [Dicas de Roteiro]