Intercâmbio no Uruguai [p2]

Neste post estou contando sobre o intercâmbio que fiz no Uruguai.


Agora contarei como foi conhecer a família onde iria me hospedar e também o meu primeiro dia de aula na Academia Uruguay.

Caso queira ir para o início deste relato clique AQUI.

E agora a continuação do relato...

DIA 01 - Domingo [05 de Fevereiro de 2017] - Cont.

Cheguei no meu destino às 11:30h.



Me despedi do motorista que prestou o serviço para a CVC e fui recebido pela Fernanda, a filha dos donos da casa.


Então entramos no prédio, subi até o 4º andar e entrei no meu apartamento. Guardei minhas malas em meu quarto e voltei a sala para conversar um pouco com a Fernanda e a Stela, sua mãe, e o Michel, um suíço que estava fazendo intercâmbio aqui para aprimorar melhor seu espanhol [ele já estava hospedado na casa a mais de um mês e ficaria por outros dois].

Ali expliquei que era do Brasil e que estava um pouco cansado [na verdade bastante cansado] devido ao longo tempo de viagem e por não ter tido tempo de dormir bem durante o trajeto. Pouco depois também conheci o Álvaro, o proprietário da casa e assim conversei mais um pouquinho.

Como no Brasil eu tive tempo apenas de comer um pacote de biscoitos e o lanche do avião, preferi ir comer primeiro. A Stela desceu comigo e me mostrou um restaurante que estava numa esquina próxima, então fui almoçar ali.


A comida do país é totalmente diferente do Brasil, ao ponto de eu olhar para as placas e avisos de refeições e não fazer sequer ideia do que estava pedindo. Então pedi para a garçonete [que aqui chamam de moza: Pronuncia-se "moça"] me indicar o que comer, e claro! Ela não perdeu a chance e me indicou um super prato, que custou quase 500 pesos [Valores de 2017].


Primeiro me serviram uma entrada, que era um pão com esses vegetais, fiquei tão em dúvida que perguntei a garçonete como fazia para comer. Ela me explicou que era para cortar o pão e por esses vegetais dentro, e assim o fiz. O gosto é até bom, mas não se assemelha a nada que alguma vez eu tenha comido no Brasil.


O prato principal demorou um bocado, mas veio super caprichado. Não recordo qual era o nome, mas com certeza era um dos especiais da casa. O que está à direita na foto é uma espécie de um bife gigante, enquanto o que está na esquerda é outro tipo de carne, que também é muito gostosa. Já os temperos das comidas achei super diferentes do que estou acostumado.


A moça chegou até a colocar essa coisa na minha mesa, quando vi não consegui entender o que era, então tive de chamá-la novamente e ela me explicou que era uma espécie de pimenta. Preferi não colocar no prato porque achei que ela poderia ser forte demais.

De bucho cheio voltei para meu apartamento e peguei o elevador, mas...


Percebi que o prédio era muito maior do que eu havia pensado no início e me esqueci totalmente em qual andar eu estava, relutei um pouquinho mas consegui descobrir e entrei novamente na casa. E assim voltei para meu quarto, tomei um banho e finalmente tive a oportunidade de tirar o cochilo que eu precisava. Dormi por pouco mais de duas horas.


Meu quarto: Nele havia uma escrivaninha para mexer com o laptop, minha cama e um armário para guardar as coisas.

O banheiro aqui é bem interessante. Devemos jogar o papel higiênico dentro da privada e não em uma lixeira como fazemos no Brasil. Além disso, tanto a pia quanto o chuveiro podem ser ligados para os dois lados. Azul para água fria e vermelho para água quente, e nisso ainda é possível regular a intensidade do calor ou frio que se deseja.

Meu quarto não podia ser trancado, mas sempre que se quisesse um pouco mais de privacidade bastava apenas fechar a porta. Também recebi do casal a chave da casa e do prédio. Quando acordei recebi uma chamada de vídeo pelo WhatsApp da Luciana e conversamos por um bom tempo.

De noite houve uma pequena festa de aniversário de um dos filhos do casal, então o apartamento ficou cheio de gente. Nisso me ofereceram algumas coisas para comer, como uma limonada [que aqui se toma à temperatura ambiente], alguns salgados [uns com gosto parecido com os do Brasil, outros com sabores bem diferentes], e isso:


Que não sei ao certo qual é o nome, mas é uma espécie de arroz com algum tipo de camarão. A comida toda também tinha um gosto totalmente diferente de tudo o que eu havia comido na vida e o gosto me pareceu muito estranho.

Outra coisa curiosa é que as pessoas por aqui são muito quietas e fazem pouco barulho, mesmo nas festas, e tanto os homens, jovens ou mais velhos, quanto as mulheres, cumprimentam a gente e uns aos outros dando um beijo de cada lado da bochecha e depois fazendo um barulho que parece um estalo.

O cansaço voltou a me apertar, então pedi licença para o pessoal e fui dormir. Dia finalizado!

DIA 02 - Lunes, Segunda-feira [06 de Fevereiro de 2017]

Acordei mais ou menos às 7:30h e fui até a sala para lanchar.



O fato do café da manhã estar incluso ajuda bastante porque assim não precisava me deslocar pra procurar algo para comer pela manhã, sem contar que também é bem interessante para imergir mais na cultura do país. Apesar das diversas opções preferi comer apenas um pão torrado com manteiga, queijo e um pouco de leite.

Conversei um pouco com o Álvaro e a Stela, e assim que se aproximou da hora do curso fui pra lá a pé junto com o Michel. O lugar não estava longe, apenas a algumas quadras de distância. Não deu pra tirar fotos do percurso porque faltava pouco tempo para as aulas, mas consegui ao menos tirar algumas fotos da fachada da Academia Uruguay [aqui se pronuncia Acadêmia Uruguai].



Fui para a secretaria e lá preenchi minha ficha de inscrição e depois me encaminharam para a classe chamada de Aula 5, que era uma turma para iniciantes brasileiros. Os estrangeiros eles costumam colocar em outras turmas porque possuem o aprendizado um pouco diferente do nosso.



Cada um possuía uma experiência diferente, eu por exemplo, e mais uma menina tínhamos uns dois anos de experiência fazendo curso de espanhol. Já outro tinha uns dois ou três meses de contato com a língua, outro preferiu vir pra cá primeiro pra começar a estudar, não sabia quase nada e falava tudo em português, e também havia outra garota que ficaria aqui por um ano, pois seu marido era militar e estava dando treinamento para os soldados uruguaios.

Mas no decorrer da classe dois dos nossos colegas resolveram tentar um nível mais difícil, até porque ficariam pouco tempo, por apenas duas semanas. No meu caso preferi continuar aqui porque penso que é muito mais importante aprender desde o princípio para se fazer uma espécie revisão do conteúdo aprendido.

Por mais que eu esteja um pouco avançado ainda sempre existem coisas novas para aprender ou manias antigas que eu ainda faço errado no uso do espanhol e que com certeza poderiam ser consertadas. Por todo o mês, de segunda à sexta-feira, minhas aulas seriam sempre das 9:30 às 13:30h, com um único intervalo, que era das 11:30h ao 12:00h.

Como sempre às segundas-feiras eles oferecem lanche especial, tive a oportunidade de provar alguns biscoitos bem gostosos.


Além das aulas normais grupais, ainda era possível fazer aulas individuais a tarde [para quem pediu esse tipo de pacote] ou então fazer algumas atividades extracurriculares que a cada semana apareciam no mural da secretaria da escola.

Para essa semana haviam duas coisas: Recorrido por los restos de los fuertes de la ciudadela e um concerto, mas o do forte foi o que chamou mais minha atenção. Então paguei os 300 pesos [valores de 2017] e agendei o passeio que era para o outro dia.

Nossa professora se chamava Maria José [aqui se pronuncia Maria Rossé] e era muito simpática, suas aulas eram muito fluídas e quase não se percebia que o tempo estava passando. Algo bem interessante da classe é que descobri que quase não há palavras com "x" em espanhol!


Também recebemos uma apostila que era usada de apoio durante as aulas.


Quando terminou a classe, às 13:30h fui andando e passei por uma praça para tirar algumas fotos da cidade e também para procurar algum lugar para almoçar.


Praça que fica bem perto da Academia Uruguay.

Depois que passei pela praça, segui rumo a onde está a Plaza Independencia [um importante ponto turístico e de referência da cidade], onde haviam várias lojinhas pelo caminho, então, claro, não resisti e comprei meu primeiro souvenir do Uruguai, um copinho bem enfeitado.






Eu ainda não sabia, mas já dava para ver o portal da Ciudad Vieja que está na Plaza Independencia. Depois de algum tempo tanto esse portal como a praça se tornariam uma das melhores referências pra que eu conseguisse me localizar pela cidade, porém, até esse momento ainda não tinha dado aquele "plim" que eu precisava!


A praça é muito bonita, possui a estátua de um cavaleiro ao centro e algumas fontes com estátuas bem talhadas aos lados, além de belos jardins. Muitos uruguaios ficam conversando nela, namorando ou apenas passando o tempo aqui, lendo um livro ou mexendo no celular!






Após atravessar toda a praça continuei seguindo meu caminho para procurar um restaurante que custasse menos de 500 pesos para comer. E andei sem sucesso, na rua que eu estava, a Calle 18 de Julio não havia o restaurante que procurava, os poucos que achava eram bem caros, até que vi um Mc Donald's e não resisti, fui para lá mesmo pra ver se era diferente do que temos aqui no Brasil.



Escolhi a opção com um combo com carne e molho Barbecue e não me arrependi, realmente estava uma delícia! Só demorei um pouco pra ser atendido porque os Mc Donald's de Montevideo sempre estão super mega abarrotados de gente.

Algo curioso aqui é que ao pedir um "méquidonalds" a atendente estranhou e perguntou se eu era um estrangeiro. Ao eu dizer que era sim ela me corrigiu e pronunciou a forma que para eles é a correta: "máquidonalds".

Ao [tentar] voltar, aproveitei e comprei um saquinho com maníes [que são os amendoins do Uruguai] de um vendedor ambulante.


Na verdade eu já estava bem perto de onde precisava ir, mas como ainda não estava me localizando bem e não li o mapa que eu tinha direito, acabei voltando tudo que já tinha feito, passei pela Plaza Independéncia outra vez e cheguei até a ver alguma parte do porto ao longe!



Ficar um pouco perdido valeu a pena porque eu descobri que ali na Plaza Independencia existia um quiosque rosa em que faziam um passeio turístico de ônibus pela cidade. E com isso descobri outra coisa que poderia fazer durante o próximo dia.

Então, depois de pedir informações para muitos e muitos uruguaios, que sempre foram prestativos, finalmente, às 15:00h cheguei à casa de família novamente. Quando entrei a filha do casal, a Fernanda, já estava terminando de se mudar.

Fiquei por boa parte do dia no meu quarto mexendo no computador e somente em alguns momentos é que conversei com o Míchel ou algum dos donos da casa. Assisti uns três animes, respondi todas as mensagens que estavam pendentes do blog, fiz a divulgação nos agregadores de conteúdo que eu utilizo e às 19:00h ainda fiz os deveres de casa que estavam pendentes do curso.


Aproveitei para conversar com a Lu pelo zap e ainda escrevi boa parte do primeiro dia do relato desse intercâmbio que estava fazendo para o Uruguai pra poder mostrar pra minha família depois.

E ainda consegui pensar em uma boa maneira para resolver o problema da palmilha do sapato que tanto me incomodava. Tirei as palmilhas gelatinosas e coloquei uma palmilha comum que estava na minha mala. Dessa maneira ficou perfeito e pisar não me incomodava mais!


Com tudo que precisava já feito, tomei um banho, escovei os dentes, conversei um pouco com o pessoal e fui dormir.

DIA 03 - Martes, Terça-feira [07 de Fevereiro de 2017]

Nesse dia também acordei próximo das 7:30h, me levantei e já fui tomar o café da manhã.



O Álvaro, o dono da casa tinha percebido que eu comia muitos biscoitos e resolveu colocar na mesa alguns biscoitos uruguaios pra que eu pudesse comê-los. Perto das 9:00h fui para a Academia Uruguay mais uma vez com o Míchel. Quase chegando ele me mostrou uma escultura bem legal que estava dentro de um museu.


Assim que entrei em minha sala e chegaram os outros estudantes começamos com a classe.


O sistema aqui é bem simples, temos uma apostila com várias unidades e capítulos, e a professora a usa de base para que assim possamos aprender melhor. Mas ela também pode usar outros métodos, como algum jogo, alguma tarefa ou até mesmo conversas entre os alunos. Como há poucas pessoas isso deixa a aula bem dinâmica e fácil e mesmo com a diferença de níveis entre um e outro aluno as aulas seguiam num ritmo bem fluido.


E claro, se houver alguma dificuldade em entender alguma coisa basta apenas perguntar para a professora. Ela era uruguaia e sabia poucas coisas de português e nunca foi ao Brasil. Pra mim isso deixou as coisas ainda mais interessantes, pois sempre precisávamos de nos comunicar com ela em espanhol.

O que mais se destacou nessa aula para mim foi descobrir que existia um desenho animado da Mafalda, aquela menina que sempre aparece nas tirinhas dos concursos públicos.

Vídeo 01:


No desenho descobri que haviam outros personagens interessantes que também faziam parte da história da Mafalda.


Outro exemplo de interação com o espanhol: Em um dado momento da aula a professora nos dividiu em dois grupos, e cada um ficava com 5 cartas e devíamos perguntar para o outro time alguma descrição da pessoa de uma dessas cartas em espanhol.



Podia ser algum ator famoso, algum político importante, ou até mesmo algum dos Simpsons. O grupo deveria apenas confirmar com "" [sim] ou "no" [não] as perguntas até que se juntasse a informação necessária para descobrir quem era a pessoa que estava na carta.

Quando assustei já tinha dado o intervalo e pouco depois estávamos terminando a aula! Dali segui em minha missão para buscar algum restaurante que custasse menos de 500 pesos para comer. E achei uma placa que chamou muito a minha atenção. Então escolhi esse lugar para almoçar.



O lugar estava lotado, e a atendente mais próxima de mim não parava um minuto de andar, me deu muito pouca atenção e pedi para ela o menu executivo com um pouco de dificuldade.

Fiquei esperando um bom tempo, ao ponto que não sabia se ela tinha me esquecido ou não, mas quando me atendeu a comida veio bem rápido. Primeiro aqueles pãezinhos que sempre veem na entrada, e depois a comida:


Creio que o prato que eu comi foi Milanesa Pollo Napolitana con fritas. Havia um postre [uma espécie de sobremesa doce] para comer depois, mas como fui mal atendido pela garçonete e ela não me explicou nada porque estava com muita pressa para atender as outras pessoas acabei perdendo minha sobremesa, pois havia fechado a conta um pouco antes.

[Outra curiosidade interessante: Para fechar a conta aqui em algum restaurante devemos mostrar a mão para o garçom e fingir que estamos escrevendo em um bloco de notas, assim eles entendem que é pra encerrar a conta e vir cobrar o valor devido da refeição.]

Quando encerrei a conta e saí, a garçonete me olhou com uma cara tão feia que até pareceu uma careta. Não entendi o porquê até o próximo dia!


E assim que saí dali fui para o quiosque comer um helado palito [o famoso picolé!].



O picolé estava muito gostoso e agora de bucho cheio, segui até a Plaza Independencia para fazer meu primeiro passeio do dia e também o primeiro na cidade de Montevideo, mas isso fica pro próximo post porque esse já ficou bem extenso.


Clique AQUI para ir para a Parte 3 desse relato.

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