De Ténéré pela América do Sul [p4]
O Nando é o meu irmão mais novo e resolveu realizar uma verdadeira aventura: passar por alguns países da América do Sul, saindo do Brasil até chegar em Antofagasta, no Chile.
Caso ainda não tenha visto a 1ª Parte desse relato clique AQUI.
Isso é um pequeno resumo do que já fiz até agora: Saí de Contagem (MG), passei por Minas, atravessei o estado de São Paulo e Paraná, visitei as Cataratas de Iguaçu pelo lado brasileiro, passei pelo Paraguai, andei pela parte norte da Argentina e consegui chegar à Bolívia. É daqui que continuarei contando como foi a minha viagem.
DIA 06 - Quinta-feira [25 de Janeiro de 2018]
Depois de acordar, lanchar, arrumar minha bagagem, conversar um pouco com a minha família e sinalizar que dessa vez eu iria direto pra Bolívia para conhecer o Deserto de Sal de Uyuni [e ainda lembrar que talvez eu poderia ficar uns dois, três, quatro ou quem sabe até cinco dias sem nenhuma comunicação porque não sabia se a região teria internet ou não!] parti da pousada em Humahuaca [na Argentina] mais ou menos às 10:40h.
Percebi que faltava trocar o óleo, porém preferi deixar pra resolver isso somente quando chegasse em Uyuni. Nisso, saí de Humahuaca e segui até Modesto Omiste [cidade boliviana da fronteira].
Fiquei esperando... esperando. Passou um tempão e uma mulher que estava olhando os documentos não deixava eu passar porque dizia que eu tinha que ter o número do documento do motor da minha moto [algo totalmente sem sentido pra mim!].
Pra piorar só havia uma pessoa atendendo todo mundo que entrava. Com muito custo peguei o número da cilindrada e coloquei num papel. Só aí que me liberaram e consegui de fato entrar na Bolívia.
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Só reparei esse problema quando parei pra tomar café, por isso tive de pegar, voltar e parar pra abastecer a moto em um posto policial que estava pelo caminho. O curioso é que na hora de calcular o preço a gasolina estava dando dois e pouco [e nessa hora fiquei feliz a beça, feliz igual a mosquito na bosta!], e assim que abasteceram minha moto o funcionário tirou uma calculadora do bolso, fez uns cálculos esquisitos e pimba: triplicou o valor.
Por aqui cobram muito mais caro para estrangeiros, eles costumam inventar a desculpa de que é preço internacional. Como saí tarde da pousada acabei rodando pouco até o momento, mas isso não era problema, pois eu tinha energia pra continuar pela estrada por muito mais tempo.
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Dessa vez a estrada estava mais complicada, pois era de terra e existiam muitos atoleiros pelo percurso, quase caí algumas vezes. O cuidado por aqui precisava ser redobrado por conta das condições do caminho, mesmo assim não deixava de ser incrível, afinal, enquanto eu andava ao lado dava pra ver montanhas e rios incríveis, cheguei até a ver mais um pouco daquelas inesquecíveis montanhas coloridas.
Pra piorar começou a anoitecer e eu tinha muito chão pra andar ainda. Também estava muito frio e chuviscando. E após seguir o percurso por mais algum tempo vi um lugarzinho, tipo uma obra, uma espécie de casa sem teto.
Não deu outra, fui ali, olhei, chamei pra ver se tinha alguém, entrei, botei a moto lá e rapidinho montei a minha barraca. Nesse meio tempo ainda voltou a chover.
Vídeo 54: No meio do nada [Parte 1]
Vídeo 55: No meio do nada [Parte 2]
Lá pras três horas da manhã eu já não suportava mais essa situação. Não consegui dormir em nenhum momento e o frio estava intenso e a chuva não perdoava, por isso resolvi juntar o que dava pra levar e parti dali, deixando minha barraca e o colchão pra trás.
A estrada estava completamente escura, não dava pra ver um palmo a minha frente, chovia e ainda sentia aquele vento quase cortante passando por meu corpo, mesmo assim continuei seguindo rumo a Uyuni.
Vídeo 56: No meio do nada [Parte 3]
Vídeo 57: No meio do nada [Parte 4]
Vídeo 58: No meio do nada [Parte 5]
O caminho ainda tinha muitos atoleiros, um monte de trem, super perigoso.
Vídeo 59: No meio do nada [Parte 6]
E em um dado momento cheguei até a levar um tombinho gostoso! Sabe se lá por qual motivo, uma jamanta do inferno deixou um monte de terra ou algo do tipo exatamente no meio da estrada. Não deu outra! Bati e caí da moto ali, só não me machuquei mais porque estava andando muito devagar por conta das péssimas condições da estrada, da escuridão e da chuva forte.
Depois de muita chuva a uns 50 km de Uyuni pude ver o céu mais perfeito de todos, com muitas estrelas, mas muitas estrelas mesmo, uma visão imperdível.
[Minha câmera é péssima para tirar fotos à noite e meu telefone tinha dado problema, não queria funcionar, só voltou a ligar de novo depois que retirei e coloquei a bateria novamente, mas o que vi foi algo mais ou menos algo igual a isso no céu noturno]:
- - - - - - - - - - ABAIXO - FOTO DA INTERNET - - - - - - - - - -
DIAS 07 e 08 - Sexta-feira e Sábado [26 e 27 de Janeiro de 2018]
[Notas do Autor: Nesse pedaço do relato estarei misturando o que fiz durante os dois dias que passei em Uyuni para que a leitura fique mais fluida. Nem tudo que fiz (depois de chegar, é claro, está 100% na ordem correta)]
Quando finalmente cheguei a Uyuni, pela madrugada, ainda tive dificuldades de encontrar algum lugar para descansar porque as pousadas e hotéis da região estavam quase todos lotados. Só consegui encontrar um lugarzinho perto das 6:00h, quando já estava amanhecendo.
Só agora que estava no quentinho é que pude ficar de boa. Minha roupa ficou toda fedorenta e eu estava insuportavelmente cansado, por isso preferi ir direto pra cama dormir.
Depois de dormir por quase 7 horas, tomei meu banho e conversei com minha família pelo zap para tranquilizá-los e mostrar que passava bem. O povo ficou muito assustado com aquela parte de armar minha barraca no meio do nada, à noite e ainda com muita chuva, mas tirando isso todo o resto foi tranquilo.
E pra ajudar acabei perdendo meu óleo, o tripé da moto quebrou e ainda perdi uma garrafa de água pelo caminho. O tempo ainda estava muito frio, meus dedinhos estavam congelando, mesmo assim não podia desanimar, pois dessa vez eu conheceria melhor o deserto de sal de Uyuni.
Mas antes, claro, fiz as coisas que precisavam ser feitas, separei algum dinheiro que iria cambiar depois, almocei e lavei minhas roupas, que estavam imundas.
Com esse problema resolvido continuei o caminho até o monumento Dakar a um velocidade máxima de 8 km/hora para não subir mais sal na moto. Novamente, o celular parou de funcionar, mas voltou a ligar de novo sozinho algum tempo depois.
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Por fim, o monumento Rali Dakar estava ao meu alcance:
Vídeo 61:
Conhecer esse lugar especial foi uma grande vitória pra mim!
Vídeo 62:
Conhecer o deserto de Uyuni e seu monumento no Salar foi demais!
- Cataratas do Iguaçu, PR - Brasil [Visitado]
- Salar del Uyuni, Bolívia [Visitado]
- La Mano del Desierto, Deserto do Atacama - Chile
- Antofagasta, Chile
Barriga cheia, banho tomado, roupa limpa, espírito cheio de paz e metade dos objetivos já completados. É isso aí!!!
Depois das 14:20h voltei pra pousada e fiquei conversando um pouco mais com o pessoal, também tentei vender o meu drone pelo mercado livre, mas não tive muito sucesso! Sinalizei que minha ideia para o próximo dia seria seguir para Calama, no Chile.
Outra falha minha é que esqueci que era fim de semana e acabei dando mole, separei o dinheiro para cambiar e passei na porta da casa de câmbio, mas preferi deixar pra depois do almoço... resultado, todas as casas de câmbio fecharam nesse meio tempo.
Depois das 17:00h parti pra conhecer o cemitério de trens, outro dos mais conhecidos cartões postais da região de Uyuni.
Vídeo 63:
Assim que conheci o cemitério de trens aproveitei pra circular um pouco mais pelo vilarejo de Uyuni para procurar um tripé novo pra minha moto, mas não tive sucesso. Ao chegar novamente tomei uma ducha e fui descansar.
Por sorte descobri que as casas de câmbio não tinham fechado por todo o dia, e sim apenas fizeram duas horas de almoço, a famosa siesta. Com isso consegui trocar o dinheiro que precisava.
De noite voltei a conversar com o pessoal e fiquei nessa pelo resto do dia. Com tudo o que precisava já feito, fui dormir.
"Dias finalizados!" - Apesar de estar um pouco menor do que as outras partes, nessa coloquei muitos textos, então pra não ficar pesado estarei acrescentando o que fiz depois daqui na próxima parte desse relato.
Clique AQUI para acessar a Parte 5 desse relato:
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